Surfistas estão de volta à Paraíba

Por Gazeta Admininstrator

O surfista paraibano Mizael Mendonça, 29 anos, e o carioca Daniel Correia, 26 anos, foram recebidos com festa, no Aeroporto Castro Pinto, em João Pessoa, por amigos e familiares de Mizael, vestidos de verde e amarelo, segurando Bandeiras Nacionais e faixas de boas-vindas. Os brasileiros seguiram para a sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no centro da capital, onde concederam entrevista coletiva.
A mãe de Mizael, dona Ângela Mendonça disse estar aliviada e muito feliz por poder reencontrar o filho. “É a maior felicidade da minha vida, o momento mais feliz e esperado. Não quero mais me afastar do meu filho” disse emocionada.
Mizael e Daniel foram presos no Aeroporto Internacional de Miami, no dia 26 de outubro do ano passado, por agentes do FBI após terem comentado durante a revista das malas que tivessem cuidado com uma das malas pois esta continha uma bomba de sucção, usada na fabricação de pranchas de surfe.
“Faltavam poucos dias para a eleição de Bush e a nós fomos usados como bode expiatório, para dar exemplo de alguma coisa”, acredita Mizael durante a coletiva na Ordem dos Advogados do Brasil.
Na verdade, Mizael e Daniel foram vítimas de um típico “mal entendido” num momento de muita tensão na área de segurança nos Estados Unidos. Ao falar a palavra “bomba”, os dois imediatamente foram enquadrados numa determinação federal que proibe qualquer tipo de “falso alarme” que possa provocar pânico ou situação instável de segurança.
Em momento algum os jovens brasileiros foram tratados como “terroristas” e inú-meras circunstâncias de sua prisão foram flexibilizadas devido às próprias autoridades norte-americanas reconhecerem que os dois brasileiros não representavam nenhuma ameça à segurança dos Estados Unidos.

Culpa da tradução
Mizael insiste que a prisão foi fruto de uma “má interpretação” e que não houve deboche quando o paraibano falou que havia uma bomba de sucção na mala. De acordo com Daniel, a palavra “bomb”, empregada por Mizael, é usada nos EUA para se referir apenas a artefatos explosivos e não a motores, também chamados de “bombas” na Língua Portuguesa.
“Para mim, foi falta de profissiona-lismo deles porque os agentes abriram a bagagem e viram que não se tratava de uma bomba”, disse o paraibano.

Sem agressões
Os dois surfistas negaram que tenham sofrido agressões físicas. Mas os brasileiros afirmaram que se sentiram humilhados e foram tratados de certa forma como “terroristas” pela Justiça Norte-americana.
Contaram que um dos momentos mais difíceis durante esses três meses de pro-blemas com a Justiça dos Estados Unidos foi quando Daniel, que tem diabetes emocional, passou mal na Penitenciária Federal de Miami. “Tive medo de perder meu irmão”, disse Mizael.
Mizael e Daniel elogiaram a atuação do Consulado Brasileiro em Miami, da OAB e da imprensa brasileira na Flórida, que segundo eles, deram total apoio a eles e seus familiares em todos os momentos.

Morar em João Pessoa
Mizael e Daniel pretendem morar em João Pessoa, continuar a fabricar pranchas de “sandsurf” (surfe de areia) e lançar uma grife de roupas para surfistas, que deve se chamar “Ermo”.
“Agora ficou mais difícil porque dos 20 mil dólares que estávamos trazendo para o Brasil, só sobraram 5 mil dólares. O resto foi usado para pagar os gastos com os processos e com os advogados”, revelou Mizael.
Perguntado se tinham alguma mágoa dos Estados Unidos, os surfistas reagiram:
“Não tem como esquecer um trauma desse. Mas o Brasil tem muita oportunidade e a gente não precisa ir lá para os Estados Unidos para viver humilhados”, disse Mizael.
Daniel diz que não tem raiva dos Estados Unidos, mas não pensa em voltar ao país (na verdade, pelas leis atuais norte-americanas, não teriam como obter visto de entrada): “Agora só quero saber de Brasil”.