Técnica faz bebê nascer sem gene de anemia

Por Gazeta Admininstrator

Portadora do gene de uma forma grave de anemia, a dona-de-casa Cintia Cavalcanti, 31, de Belo Horizonte, já tinha desistido de ter mais filhos quando descobriu que podia tê-los com segurança usando um método que permitiu selecionar embriões e implantar aquele que não carregava os genes da doença.

Há 20 dias, sua filha Gabriela nasceu livre da doença e ainda poderá salvar a vida da irmã, Isabela, que pode precisar de um transplante de medula óssea.

A menina herdou os genes da anemia de Fanconi dos pais (o marido, Wagner, também tem o gene). Não tem os polegares nem o rádio (um dos ossos longos do braço). Aos quatro anos, mede 85 cm --apenas 35 cm a mais que a irmã recém-nascida. Além disso, tem 80% de chances de desenvolver leucemia.

Segundo o ginecologista Selmo Geber, da Universidade Federal de Minas Gerais, responsável pelo tratamento que possibilitou a gravidez segura de Cintia, é a primeira vez que a seqüência gênica da anemia de Fanconi é feita para fins reprodutivos. O caso deve ser publicado nas próximas edições de uma revista inglesa de medicina reprodutiva.

Cintia e Wagner não sabiam que carregavam o gene da anemia quando geraram Isabela. Cintia perdeu um bebê antes da gravidez da menina, mas o aborto, na 12ª semana de gestação, não foi associado à presença de uma doença genética.

Os médicos perceberam algo errado com Isabela na 34ª semana de gestação, quando ela parou de crescer. Apesar de ter nascido cinco semanas depois, ela media 40 cm e pesava 1,8 kg.

A doença foi diagnosticada, mas não há tratamento. A luta é para que ela não desenvolva leucemia, quando precisará de transplante de medula óssea. Não há doador compatível na família.

"Pensávamos em ter outro filho, mas temíamos que nascesse com o mesmo problema." A solução veio com o diagnóstico pré-implantacional, um método de reprodução assistida que permite a seleção do embrião que não carrega o gene da doença.