Terapia genética criada com tecnologia brasileira elimina câncer terminal de paciente

Por Gazeta News

Graças aos esforços de pesquisadores do Centro de Terapia Celular (CTC-Fapesp-USP) somados com a técnica norte-americana CART-Cell, o funcionário público aposentado de Minas Gerais Vamberto Luiz de Castro, de 64 anos, que tinha um linfoma terminal, viu seus tumores do câncer sumirem. É o primeiro caso do tipo na América Latina. Os médicos e pesquisadores do Hemocentro, ligado ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, dizem que Vamberto está "virtualmente" livre da doença. No início de setembro, o corpo do paciente estava tomado por tumores, mas, nesta semana, a maioria deles já havia desaparecido. E os que restam, segundo os médicos, sinalizam a evolução da terapia. Os especialistas, no entanto, não falam em cura ainda porque o diagnóstico final só pode ser dado após cinco anos de acompanhamento. Tecnicamente, os exames indicam a "remissão do câncer". O linfoma terminal é um tipo de câncer que afeta o sistema linfático, impedindo o desenvolvimento de novas células que são responsáveis pela imunidade do corpo, fazendo com que o paciente venha a óbito de maneira, até então, inevitável. Exames feitos com pouco mais de um mês de diferença mostram a remissão do linfoma. O tratamento pioneiro é baseado em uma técnica de terapia genética descoberta no exterior e conhecida como CART-Cell. "Essa primeira fase do tratamento foi milagrosa", disse o hematologista Dimas Tadeu Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular (CTC-Fapesp) e do Instituto Nacional de Células Tronco e Terapia Celular, apoiado pelo CNPq e pelo Ministério da Saúde. [caption id="attachment_190521" align="alignright" width="320"] Registro mostra como a doença diminuiu em dias. Foto: Reprodução/Fantástico.[/caption] Tratamento convencional Antes do tratamento, ele tomava doses máximas de morfina diariamente e não conseguia mais andar. O tumor havia se espalhado pelos ossos. Vamberto tinha tentado quimioterapia e radioterapia, mas seu corpo não respondeu bem a nenhuma das técnicas. Após uma semana com a terapia genética, ele já havia voltado a andar e deixado de sentir fortes dores. "Cheguei a ter medo de morrer, mas em nenhum momento esse medo foi maior do que a minha vontade de viver", disse Vamberto Castro ao Fantástico. Os pesquisadores da USP – apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) – desenvolveram então um procedimento próprio de aplicação da técnica CART-Cell. Terapia genética O câncer que atingia o sistema imunológico do paciente era muito agressivo e não respondia a tratamentos convencionais (quimioterapia e radioterapia). Como o prognóstico era pessimista (menos de um ano de vida), médicos o indicaram para participar da nova pesquisa. Após sua autorização, os testes começaram. Os cientistas coletaram uma amostra de sangue do paciente e a inseriram em uma máquina, num processo semelhante ao da hemodiálise. O equipamento filtra o sangue e separa apenas os linfócitos T (células do sistema imunológico que combatem invasores). Os pesquisadores então modificam geneticamente essas células, ou seja, inserem no DNA delas um gene que vai codificar um receptor específico daquele tipo de tumor. A CART-Cell é uma forma de terapia genética já utilizada nos Estados Unidos, Europa, China e Japão. Esse método consiste na manipulação de células do sistema imunológico para que elas possam combater as células causadoras do câncer. A estratégia consiste em habilitar células de defesa do corpo (linfócitos T) com receptores capazes de reconhecer o tumor. O ataque é contínuo e específico e, na maioria das vezes, basta uma única dose. Nos Estados Unidos, os tratamentos comerciais já receberam aprovação e podem custar mais de US$ 475 mil. Com informações do G1.