Tio de brasileiro morto na Austrália afirma que policiais riram durante ação

Por Gazeta News

brasileiro australia

Os três tubos de gás de pimenta usados contra o estudante brasileiro Roberto Laudisio Curti momentos antes de sua morte, em 18 de março, em Sydney, na Austrália, foram aplicados pelo mesmo policial e em quantidade acima do permitido pelo regulamento da polícia australiana.

Damien Ralph, de 28 anos, disparou cada tubo de gás por cerca de quatro segundos e a 30 cm do rosto do estudante - o regulamento diz que o jato deve ser aplicado por um segundo e a mais de 60 cm de distância.

Ralph alegou não saber que o regulamento havia sido alterado e disse crer que "pessoas de pele clara são mais sensíveis ao gás pimenta".

A avó de Roberto, Euridice, que era reponsável pelo neto e suas duas irmãs, que eram órfãos de pais, acompanha de São Paulo as audiências, que iniciram na última semana, enquanto um tio está na Austrália, acompanhando de perto junto com as irmãs da vítima. Nessa fase do processo a juíza está ouvindo testemunhas, policiais e analisando provas.

“Não entendo. Acho que estavam loucos, acho que queriam matar”, disse a avó.

O tio de Ricardo, Domingos, contou ao “Fantástico” o que viu e ouviu durante as audiências. Para ele, a polícia matou o sobrinho. “O Roberto foi torturado e foi torturado até a morte”, disse o tio.

Roberto morreu enquanto comemorava o dia de São Patrício. Depois de jogar futebol, Roberto sai com dois amigos e comprovadamente usa 1/3 de LCD, uma droga que provoca alucinação.

Sozinho, sem os amigos, Roberto se envolve numa briga e corre. Ele é filmado por câmeras de segurança ao entrar numa loja.

“E a partir disso uma pessoa da limpeza pública olhou pela janela e telefonou pra polícia dizendo que tinha um assalto a loja, o que deu início ao processo de perseguição”, conta o tio.

Nesta semana a versão do assalto foi desmentida. Segundo depoimento do próprio caixa da loja ao tribunal, não houve roubo. “Ele pediu e o atendente deu”, disse o tio.

Para a polícia australiana, Roberto seria um ladrão e, ainda, por causa de um erro de comunicação, os policiais acharam que ele estava armado. Depois de sair da loja, cinco policiais correm atrás de Roberto. O jovem é jogado contra a parede. Ele resiste e continua correndo.

No vídeo, o brasileiro aparece correndo. Os policiais apontam para as costas dele e atiram. Segundo especialistas, a descarga elétrica paralisa os músculos do estudante, que cai no chão. Outros dois policiais tentam dominar o brasileiro. Um policial grita e manda Roberto ficar no chão. Nesse momento, o policial diz que vai dar mais choque se ele resistir à prisão. Roberto parece assustado, está ofegante. Diz algo e é algemado. Ele tenta se levantar. O policial faz mais um disparo de cinco segundos. Roberto deita novamente e grita de dor. O vídeo termina.

O “Fantástico” teve acesso aos relatórios das audiências divulgados pelo tribunal. Neles consta a informação de que Roberto foi atingido com pelo menos dez choques. Segundo o tio de Roberto, existe ainda um outro vídeo da ação policial com mais atos de brutalidade. Mas a juíza só permitiu a divulgação dessas imagens dentro do tribunal.

“Quando ele já está algemado, continua as aplicações de taser, continua as aplicações de spray de pimenta e finalmente você ouve no fundo do áudio uma risada dos policiais. As duas palavras que a gente houve com muita nitidez é ‘help help’ e ‘what did i do?’ Quer dizer, ‘socorro, socorro, o que eu fiz?’”.

Até agora oficialmente se sabe que Roberto usou drogas, levou vários choques e inalou gás de pimenta, mas a causa da morte ainda é desconhecida. Essa questão só será debatida nos próximos dias. Só depois a Justiça deve decidir se os policiais vão a julgamento pela morte de Roberto.

As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo” e do “Fantástico”.