Todos os olhares sobre a China

Por Gazeta Admininstrator

A partir de sexta-feira, dia 8, mais do que nunca, os olhares do mundo estarão voltados para a populosa, milenar e surpreendente República Popular da China.
Pilotando a mais impressionante revo-lução econômica em larga escala já vista nos tempos modernos, os chineses realizam um sonho de 100 anos, sediando os Jogos Olímpicos e celebrando, ao mesmo tempo, duas décadas de extraordinário “boom” econômico. Os chineses querem ser o número 1 do planeta e não economizaram esforços e dinheiro para “show the world” essa mais do que justa pretensão.

A China continua, digamos, comunista em teoria, mas é cada vez mais capitalista. Para muitos, de forma selvagem, inconseqüente. Um “drive” absoluto. Mas não há quem possa negar o fato de que tem sido essa a estratégia que tirou a China não só do isolamento cultural, mas, principalmente, da estagnação econômica à qual esteve condenada por quatro décadas de regime maoísta radical e recluso.

Quem se limita às análises superficiais pode “acusar” os chineses de estarem promovendo a ascenção econômica de uma forma predatória. Sem preocupações ambientais, sem bom-senso na ocupação do espaço urbano, sem levar em conta os direitos humanos e individuais e substituindo o “catecismo maoísta” pela “ladainha consumista voraz”.

Há muito mais acerca do florescimento dessa portentosa nação de 1.3 bilhão de habitantes em território pouco maior do que os Estados Unidos e o Brasil. Há muito de história (5 mil anos), de tradição, e uma incrível “espera” para que se cumpram a vocação de grandeza e poder que é tida como “um direito” pelo povo chinês.

Poucas nações no mundo foram mais ultrajadas, invadidas, desrespeitadas em sua essência e cultura, quanto a nação chinesa. O maoísmo libertou o país dos invasores no final da década de 40 e levou mais de 3 décadas para recolocar a China pelo menos como um elemento relevante na geopolítica da “guerra fria”.
Com a dissolução da União Soviética, quem imaginava que a China seria a próxima “peça” no dominó da deblace comunista, se surpreendeu em ver que a disciplina – ou subserviência – dos chineses, aliada a um insuspeito pragmatismo da burocracia partidária, possibilitaria o surgimento desse inacreditável “capitalismo comunista à lá Pequim”. Hoje, a economia da China já é a terceira do mundo. Ninguém duvida que em mais 5 anos será a segunda e até mesmo os mais otimistas norte-americanos sabem que a substituição dos Estados Unidos pela China como maior potência econômica do mundo, é apenas uma questão de tempo.
Não é à toa que lá atrás, nos anos 70, o pragmático Richard Nixon teve a então “ousadia” de, em plena “guerra fria’, quebrar o gelo, estabelecer relações com a China e lançar ali as bases da intrincada associação de interesses que hoje rege as relações entre Washington e Pequim, Wall Street, Shangai e Hong Kong.

Por isso, os Jogos de Pequim que começam nesta sexta-feira com promessa de ser o maior espetáculo já visto pela humanidade em termos de abertura festiva de eventos, é muito mais do que uma simples Olimpíada. É um “show off” chinês dizendo ao mundo, para quem ainda tem alguma dúvida, que a China está aí para liderar.

Quanto ao esporte em si, imagina-se que, pela primeira vez, os atletas norte-americanos deverão ser de fato ameaçados com a perda de uma hegemonia que dura muitas décadas e que só foi interrompida nos Jogos de Moscou, em 1980, porque não houve a presença da delegação norte-americana nos jogos. A luta pelo ouro olímpico em Pequim vai ser feroz entre esses dois gigantes que, por razões diversas, valorizam como ninguém a quantidade de ouro, prata e bronze que carregarão para casa.

Para os atletas americanos, a vitória representa contratos, fama, dinheiro. Para os chineses, afirmação, respeito, poder. Nós seremos espectadores privilegiados.