Três coisas que aprendi como uma consultora de crédito
Não existe ‘catch’ algum. Na verdade, é muito simples. Estas doações são pagamentos atrelados a determinados serviços. Por exemplo: recebemos um ‘grant’ do governo, que nos permite processar os documentos de clientes que estejam tentando um modificação de empréstimo (loan modifications). Este tipo de serviço custa em torno de $2 mil a $5 mil dólares (preço este cobrado por muitos advogados que realizam este serviço). Recebemos do governo um montante X que nos permite realizar este serviço. E assim acontece com vários outros programas. 2) Você não consegue ajudar todos Esta parte realmente me incomoda. Muitas vezes, não importa o quanto você quer auxiliar alguém, mas existem situações em que não há nada que você possa fazer. Ou porque o cliente demorou demais para te procurar ou porque a situação da pessoa está tão complicada que naquele momento não há nenhum programa disponível que possa resolver o problema. Por isso se torna tão importante a divulgação deste trabalho. Eu conto com cada um de vocês como embaixadores de informação. Como diz o velho ditado: “conhecimento é poder” e o poder tem que ser compartilhado. 3) Quase todo cliente passa pelo que eu chamo de fase do “denial” Um exemplo característico deste ponto são clientes com um alto balanço em seus cartões de crédito e que, para tentar manter a situação, pagam o mínimo requerido, o que na verdade é equivalente a se pagar somente os juros. A dívida vai virando uma bola de neve, até o momento em que, não podendo mais arcar com os pagamentos, a única opção é pedir falência. As contas são vendidas para terceiros e a situação fica completamente fora de controle. O que acontece é que muitos destes clientes me procuram na primeira fase do problema, ou seja, quando eles começam a pagar somente o mínimo nos cartões. Mas, infelizmente, depois de ouvirem o único ponto negativo do programa (negativo para alguns, justo e necessário para a maioria), que no caso é o fato de que os cartões participantes no programa tem suas contas fechadas, uma grande parcela das pessoas entra em “denial” e acha que vão conseguir sair desta; só mais alguns meses, mas a grande verdade é que é neste ponto que as coisas se complicam. Aquele dinheiro extra que você está esperando não vem e você acaba sucumbindo a tentação e usa ainda mais o cartão. Pelo menos 47% dos meus clientes acabam me confessando que deveria ter começado o programa a 6 meses atrás. Mas eu penso: que bom que você começou! Daqui a 6 meses você vai ficar mais feliz ainda por já ter começado há seis meses.
A verdade é que, às vezes, eu me sinto como uma confidente da comunidade, e esta é uma posição muito impotente. Eu ouço a história de muitos, sei da dificuldade de outros, e guardo tudo pra mim na maior discreção, mas sempre na esperança que as pessoas realizem que quanto mais cedo começarem, mais cedo irão se livrar dos problemas, e isso nem sempre acontece...
Uma boa semana! E me procurem se tiverem alguma pergunta.
