Triste fim - Show de Bola

Por César Augusto

A carreira de um dos jogadores de futebol mais talentosos da história está acabando de forma melancólica. É triste ver o fim de Ronaldinho Gaúcho. Ele foi ídolo no Barcelona, jogou na Seleção Brasileira, foi adorado por todos os cantos do mundo, o sorriso fácil, com aqueles dentes de Mônica, encantava os jovens… Poderia ser o “dono de uma Era”, a Era do Ronaldinho Gaúcho.

Não foi. Essa Era não existiu. Ronaldinho acabou e existe um grande culpado por esse fim prematuro e de gosto amargo: o próprio Ronaldinho. Ele foi enganado pelo talento. Isso ele tinha de sobra. Aí, achou que não precisava ser profissional, não precisava ser comprometido… Por isso ele não foi ainda maior.

Os torcedores do Atlético Mineiro, claro, não devem concordar comigo. Ronaldinho fez bonito e também foi ídolo por lá. Prova de que o talento dele era, realmente, gigantesco. Era capaz de esconder a irresponsabilidade, as noites mal dormidas, os treinos sem vontade.

Mas isso teve um preço, e Ronaldinho está pagando agora. Ronaldinho jogou nove partidas pelo Fluminense. Foi poupado em seis, para “trabalhar a parte física”. Amargou um banco de reservas nos últimos jogos. Em crise, sendo criticado pela torcida, ele pediu pra sair e foi atendido. Imagino que outro clube ainda dê uma chance ao Ronaldinho, talvez o próprio Atlético Mineiro. Com um contrato de risco, quem sabe?

Mas a verdade é que, independentemente de uma nova chance, o camisa 10 acabou. Eu, particularmente, não gosto do Ronaldinho Gaúcho. Acho, sim, que jogava muito. Defendo que jogava muito quando não precisava. Quando todo mundo esperava que ele resolvesse, se escondia, sumia. Brinco que ele deveria jogar no Cirque de Soleil. Fazer toda aquela firula com a bola, ser aplaudido, amado… e não precisava ganhar. A minha opinião é, inclusive, que Ronaldinho Gaúcho é um dos responsáveis pela atual fase do futebol brasileiro. Os jovens atletas queriam ser como ele. Copiavam o estilo “espetáculo”, se comportavam como “pop stars”, e não resolviam quando precisava.

Ronaldinho, como alguns outros, achava que era Pelé. Não era. Não chegava perto de ser. Não era Pelé, não era Zico, não era Ronaldo… Era só Ronaldinho Gaúcho. Os defensores vão falar que tenho inveja porque ele ganhou muito dinheiro, jogou na Europa, foi campeão da Libertadores… Sim, ele conseguiu muita coisa. Acho que poderia, se fosse sério, ter conseguido muito mais. Uma vez, durante a Copa da Alemanha, no horário reservado para as entrevistas dos jogadores, ele reclamou que estava há muito tempo em pé e estava cansado. Falei que ele deveria trabalhar em um banco. Trabalharia sentado e não precisaria dar entrevistas. Virei as costas e não o entrevistei. Foi a última vez que vi Ronaldinho Gaúcho pessoalmente. Gostaria, de verdade, de guardar outra imagem dele. Não desejo o mal a ninguém e acho que ninguém o merece, mas estava na cara que isso ia acontecer. Ele poderia ser um grande Ronaldinho Gaúcho, acaba como um simples Ronaldinho Gaúcho.