Troca de governo traz incertezas sobre o futuro do DACA

Por Arlaine Castro

O presidente Barack Obama está sob pressão durante seus últimos dias como presidente, principalmente no que se refere ao futuro dos milhares de jovens imigrantes inscritos no programa Deferred Action for Childhood Arrivals (DACA).

Desde 2012, o programa evitou a deportação de mais de meio milhão de jovens que entraram no país ainda crianças. Foram coletadas informações pessoais, incluindo os endereços dos participantes e informações sobre suas famílias, que teoricamente poderiam ser usadas para localizá-los e deportá-los se a política for revertida.

Pelo menos 50 congressistas democratas estão pressionando o ainda presidente para que conceda indultos aos jovens imigrantes que voluntariamente se apresentaram em troca de uma promessa de que estariam a salvo da deportação.

Aos jovens aprovados no programa, o governo não fornece um status de imigração legal, mas permite aos que vieram para os Estados Unidos quando crianças se identifiquem e apliquem a um programa que lhes permite estudar e trabalhar no país. Os inscritos no DACA devem reaplicar a cada dois anos para a permissão de trabalho.

O Departamento de Segurança Interna, órgão responsável pelas questões imigratórias do país, deixou claro, na época, que uma administração futura poderia acabar com o programa. Para alguns especialistas, mesmo se Obama resolvesse oferecer indultos para violações de imigração, só isso não mudaria a situação desses jovens imigrantes, tendo em vista que o presidente não tem o poder de conceder o status legal de imigração a alguém por conta própria.

A advogada de imigração Ingrid Domingues acredita que o novo presidente poderá reformular, mas não acabar com o programa, uma vez que envolve milhares de crianças e jovens que estão estudando e trabalhando para tornarem-se cidadãos produtivos do país.

O mineiro José Morais*, 45 anos, mora em Coral Gables e tem um filho de 15 anos inscrito no programa. Morais conta que a família está preocupada com o que pode acontecer se o programa for revertido. “A gente pensa em tudo agora, até mesmo em voltar, caso essa garantia de que meu filho estaria legal aqui acabe”, diz.

Manifestações Está sendo organizada uma série de protestos em pelo menos 20 estados para o dia 14 de janeiro. O “Dia de Ação”, como foi batizado, tem como alvo principal a contestação de políticas migratórias anunciadas por Donald Trump, especialmente o DACA. *O nome do entrevistado é fictício, atendendo o pedido do mesmo.