Trump pode focar em mudanças nos programas de vistos, como o H1B

Por Arlaine Castro

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[caption id="attachment_134477" align="alignleft" width="300"] O Vale do Silício na Califórnia, é a principal região onde estão implantadas empresas cujos profissionais estrangeiros são mais requisitados, com trabalhos nas áreas de inovações científicas e tecnológicas dos EUA. Foto: ideiaseviagensflickr.[/caption]

Ao anunciar as suas prioridades para os primeiros 100 dias de governo, o presidente eleito, Donald Trump, prometeu direcionar a atenção para o Departamento de Trabalho e investigar todos os abusos do programa de vistos que prejudica o trabalhador americano.

O republicano refere-se ao programa de vistos de trabalho H1B, usado principalmente pelos trabalhadores da indústria de alta tecnologia e são destinadas aos profissionais estrangeiros com título universitário que desempenham trabalhos especializados que exigem conhecimentos teóricos ou técnicos. Anualmente são concedidos o máximo de 85 mil autorizações de trabalho.

Críticos do programa dizem que esse tipo de visto, embora legal, permite a entrada de muitos trabalhadores estrangeiros e acaba sendo o primeiro passo para mover os empregos de americanos para estrangeiros.

Dentre as características do programa, as vagas são voltadas a estrangeiros com "conhecimento altamente especializado" para preencher vagas específicas quando não são encontrados americanos qualificados, dentre profissionais como cientistas, engenheiros, programadores de computadores, entre outros.

Empresas como Facebook, Bank of America e Caterpillar argumentam que o limite anual ainda é muito pouco e que eles precisam de mais trabalhadores de tecnologia estrangeira porque não conseguem encontrar trabalhadores americanos altamente qualificados suficientes, segundo informações do jornal Miami Herald.

A incógnita sobre as decisões do presidente eleito, Donald Trump, no que concerne às questões imigratórias, preocupa quem é imigrante, até mesmo quem tem ou pretende tentar o visto de trabalho -o H-1B, de agora pra frente.

O gaúcho *Marcos Rodrigues, 40 anos, mora há três anos no Texas, possui atualmente o visto de estudante e pretende tentar o visto de trabalho -H1B este ano. Executivo do setor de tecnologia, uma das áreas de profissionais estrangeiros que mais concede vistos pelo programa, Rodrigues tem receio que o número de vistos seja reduzido com a entrada de Trump, o que pode impactar no seu processo. “Percebo uma tendência de redução e restrições quanto aos vistos de trabalho. Estou convicto de que haverá mudança, a questão é quão profunda e abrangente será. Talvez torne-se mais rígida para países reconhecidos como exportadores de mão de obra como a Índia e a China ”, menciona.

A advogada especializada em imigração, Ingrid Domingues, não acredita que Trump fará alguma modificação no visto H1B. “Pode até ser que ele reveja o programa e modifique alguma coisa ao longo dos anos, mas não creio que isso vá ocorrer agora, tampouco que irá acabar com um programa que traz retorno econômico ao país. Ele tem outras prioridades”, aponta.

No ano de 2016, o U.S. Citizenship and Immigration Services (USCIS) informou em comunicado que recebeu 65 mil vistos H1B para profissionais, mais a cota adicional de 20 mil para formados em universidades americanas.

O período para aplicação do visto é o mês de abril. A cota de vistos H1B é distribuída por meio de um sorteio computadorizado e as solicitações que não são contempladas são devolvidas pelo órgão.

*Nome trocado a pedido do entrevistado.