Um ano após expansão, União Européia tem novos desafios

Por Gazeta Admininstrator

O que acontecerá se a França disser 'não' à Constituição Européia?
Em maio do ano passado, dez bandeiras foram hasteadas no parque Phoenix, em Dublin.
Um ano depois, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, descreve o aniversário da expansão da União Européia como "uma lembrança obrigatória de que abertura em relação aos outros - e não o isolacionismo - é que o move a União Européia e produz resultados".

A expansão, disse ele, ajudou a consolidar a estabilidade política e econômica, a democracia e os direitos humanos, e reforçou a posição internacional da União Européia.

Mas ele admitiu que a ampliação também provocou questões sobre a identidade do bloco, suas fronteiras e sobre como ele deve funcionar no futuro.

Temores

A expansão do ano passado deu espaço para um número sem precedentes de recém-chegados pobres. Mas poucos dos temores associados a este fato se materializaram.

Embora alguns preços no leste da Europa tenham subido, as exportações e os investimentos estrangeiros subiram ainda mais.

A Polônia, o maior novato, agora exporta um terço a mais de comida para a Alemanha e para outros países da União Européia do que antes.

Fazendeiros poloneses receberam 1,5 bilhão de euros em subsídios, fazendo com que eles passassem de oponentes a entusiastas da adesão.

Por todo o leste da Europa, o crescimento econômico subiu para 5% no ano passado, o dobro da média da União Européia, com países bálticos como a Eslováquia com um desempenho ainda melhor.

Seis dos dez novatos já deram passos decisivos em relação à adoção do euro como sua moeda nos próximos anos.

Imigrantes

Temores de hordas de imigrantes se mudando em direção aos países mais ricos do oeste da Europa se mostraram infundados, embora a realidade não seja muito clara em três países que decidiram abrir seus mercados de trabalho totalmente há um ano.

Enquanto a Suécia registrou 4 mil imigrantes dos novos estados-membros, nada menos do que 75 mil se candidataram a permissões de trabalho na Irlanda.

Na Grã-Bretanha, esse número chegou a 130 mil - dez vezes mais do que o estimado originalmente. Mas de acordo com o ministério da Justiça, apenas 800 se candidataram a benefícios e a maioria - 97% - teve o pedido negado.

Agências de empregos afirmam que encanadores da Polônia, médicos da Hungria e motoristas da Latvia simplesmente ocuparam as brechas do mercado de trabalho britânico.

Politicamente, os recém-chegados apoiaram a posição da União Européia em relação à Rússia, e defenderam mudanças democráticas na Ucrânia e em outras partes da extinta União Soviética.

A Polônia e a Lituânia querem que a União Européia vá além, oferecendo à Ucrânia uma perspectiva clara de adesão.

Mas poucos países do oeste da Europa compartilham deste apetite por mais expansão.

A "depressão pós-alargamento" é mais visível na França, que parece sentir que o país, que já foi o motor da integração européia, foi deixado à margem por um grupo ultra-liberal de novatos pró-americanos.

Portas fechadas

Se, como resultado, a França rejeitar a Constituição Européia no fim do mês, o ritmo da União Européia pode diminuir.

Outra expansão, especialmente para incluir a Turquia, mas também a Croácia e outros países bálticos, pode levar muito mais tempo do que o imaginado.

Mas tanto Turquia quanto Croácia têm uma espécie de apólice de seguro - o tratado de acesso que assinaram na semana passada.

Assim, parece virtualmente garantido que vão se juntar ao bloco, independentemente do que aconteça com a Constituição Européia.

Depois disso, porém, a União Européia pode fechar suas portas durante anos.