Um brasileiro na Marinha dos Estados Unidos

Por Gazeta News

tulio em abu dhabi

Ele abriu mão de conviver com familiares e amigos, e fazer tudo que qualquer jovem da sua idade faz, por um único objetivo: entrar para a United States Marine, considerada a maior e mais poderosa marinha do mundo. O brasileiro Tulio de Melo, 23 anos, natural de Braço do Norte, Santa Catarina, há quatro anos tem como nova cidade Jacksonville, Flórida, mas grande parte do seu tempo ele passa em alto mar.

Antes de decidir defender a pátria americana, Tulio já visitava o país anualmente por conta do seu Green Card, que exige que o portador não fique mais de um ano fora dos Estados Unidos. Sua mãe, Cristina, reside no país desde 1998, onde se casou, pela segunda vez, com um porto-riquenho, com quem tem dois filhos (Diego e Roberto).

Alguns anos antes de decidir ir morar na terra do Tio Sam, as irmãs Letícia e Cristiane já haviam optado pela mudança. Por isso, a cada vez que visitava a família em North Andover, estado de Massachusetts, Tulio pesquisava sobre oportunidades no país. “Foi quando percebi que entrar para a Marinha dos Estados Unidos me proporcionaria muitos benefícios, como universidade e seguro de saúde”, conta o jovem.

Decidido, o brasileiro primeiramente teve que passar por um treinamento em Great Lakes, estado de Illinois. “Nesta fase aprendi coisas básicas, como história, combater fogo, nomenclaturas da Marinha e exercícios”. Em seguida, Tulio foi para a escola de engenharia mecânica, para aprender a trabalhar com turbinas do navio - mesmas turbinas que os aviões utilizam -, função que ocupa até hoje.

Desde então, enquanto está a serviço da Marinha, Tulio acorda às seis horas da manhã e tem até às sete horas para o café. A seguir, cada departamento reúne seu pessoal para traçar o dia de trabalho. “Cada dia seguimos um plano. Há vezes que o navio tem treinamento contra ataques, onde aprendemos o que fazer, caso soframos ataques biológicos, nucleares, aéreos ou ataques de submarinos e outros navios”, ressalta.

A cada ano, o navio deve fazer uma viagem de, no mínimo, sete meses. Tulio está em sua terceira viagem, neste momento, no Mar Mediterrâneo, mas como toda missão é sigilosa, não pode dar informações sobre o objetivo da mesma.

Em função da profissão que escolheu, Tulio já esteve em Bahrain, Kuwait, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Jordânia, Japão, Coréia do Sul, Singapura, Índia, Grécia, Israel, Croácia, Itália, Espanha, Portugal e Inglaterra. E também coleciona inúmeras experiências inesquecíveis. “Na minha segunda viagem, tivemos um helicóptero e barcos armados do Irã bem ao lado do nosso navio. Não aconteceu nada, mas nunca sabemos o que pode ocorrer e, por isso, estamos sempre treinando e nos preparando para tudo”, destaca.

O contrato de trabalho de Tulio termina em abril, mas ele já pensa em renová-lo para os próximos quatro anos. Enquanto isso, cresce cada dia mais a saudade do Brasil e de quem ficou por lá. “Sinto muita falta do meu pai, que não vejo desde 2007. Também tenho muita saudade dos meus amigos e, claro, da comida brasileira”, finaliza.