Uma análise de dados do censo americano divulgada na quinta-feira(29) por um instituto de pesquisas de Washington indica que 10,1% dos imigrantes brasileiros nos Estados Unidos vivem na pobreza.
O levantamento do Center for Immigration Studies (CIS), que inclui imigrantes legais e ilegais, também revela que essa porcentagem de imigrantes brasileiros aumenta para 33,8% se forem consideradas todas as pessoas vivendo na pobreza ou pouco acima da linha de pobreza.
No topo da lista, estão os dominicanos (27,9%), seguidos pelos mexicanos (22%). Um total de 21,5 milhões de imigrantes e seus filhos nascidos nos Estados Unidos vivem na pobreza ou pouco acima da linha da pobreza no país, também de acordo com o estudo.
Educação
O autor do estudo, Steven Camarota, observa que a renda depende muito do ní-vel de educação dos imigrnates. “As pessoas que cruzam a fronteira ilegalmente tendem a ser a de menor educação”, disse.
Para ele, a principal razão das altas taxas de pobreza, falta de seguros de saúde e uso de programas de bem-estar social de parte dos imigrantes é seu baixo nível de educação, não seu status migratório, ou sua falta de desejo de trabalhar.
A análise conclui que boa parte dos imi-
grantes - em média, 31% - não concluiu o ensino primário, o que explicaria porque tantos vivem na pobreza, recorrem a programas de bem-estar social ou não possuem programas de seguro-saúde.
Entre os imigrantes brasileiros, por e-xemplo, 26,9% não teriam ensino primário completo, e 31,4% não teriam completado o ensino superior.
“O problema não se dá por falta de disposição de trabalhar ou por causa de seus status legais’’, diz Camarota.
Uma das questões levantadas por ele é se, em termos de política de imigração, os Estados Unidos deveriam “deixar entrar tantas pessoas com pouca instrução - aumentando a competição para os traba-lhadores americanos mais pobres e para a população que precisa de assistência’’.
O Brasil é o 24º país com maior número de imigrantes nos Estados Unidos, segundo o texto do Center for Immigration Studies. O levantamento indica que, entre 2000 e março deste ano, 124 mil brasileiros vieram viver no país.
O primeiro na lista é o México, que responde por 31% do número total de imigrantes.
Recorde
A análise mostra que os últimos sete anos constituíram o período mais intenso de imigração na história americana. Em 2007, a população de imigrantes no país alcançou um recorde de 37,9 milhões de pessoas.
De acordo com os dados da pesquisa, os imigrantes representam um em cada oito residentes nos Estados Unidos, a cifra mais alta em 80 anos. Em 1970, o índice era de 1 em cada 21; em 1980, passou para 1 em cada 16, e em 1990, chegou a 1 em cada 13.
Desde 2000, o país já recebeu 10,3 milhões de imigrantes. Estima-se que mais da metade destes, 5,6 milhões, entraram ilegalmente no país.
O levantamento também diz que, do total de imigrantes atualmente nos Estados Unidos, um em cada três é ilegal, sendo que metade dos imigrantes mexicanos e centro-americanos e um terço dos sul-americanos estariam nessa situação.
Equivalência
Os imigrantes, legais e ilegais, nos Estados Unidos, têm renda equivalente a dois terços (70%) dos norte-americanos nativos, mas a comparação chega a quase 90%, se considerada a renda familiar.
O número de assalariados, no caso dos imigrantes, no entanto, é maior por família: 3,1 em comparação a 2,4 nas famílias nativas.
De acordo com o CIS, a renda média de uma família de imigrantes legais ou ilegais nos Estdos Unidos é de $3.661 por mês, e representa 89% da renda dos nativos. Como o número de membros assalariados de uma família de imigrantes é 28% maior, a renda média per capita destas pessoas é de apenas 7% de um nativo: $1.177 por mês, em comparação a $1.687 dos nativos.
O estudo conclui ainda que mais da metade (54,6%) dos imigrantes que vivem legal ou ilegalmente nos EUA procede da América Latina, região de onde provém, igualmente, a maior parte (58,7%) dos que chegaram ao país desde o ano 2000.
Deste total latino-americano, que soma 20,37 milhões de pessoas, a maioria (31,3%) é de origem mexicana (11,67 milhões) 9,1% caribenha (3,37 milhões), 7,3% sul-americana (2,75 milhões) e 7,0% centro-americana (2,59 milhões).
Flórida
Quase 3,5 milhões de imigrantes vivem na Flórida, de acordo com o mesmo estudo e, pelo menos, um milhão está no País ilegalmente. Em 2000, o número total de imigrantes era de 2,9 milhões, o que representa um aumento de 16,7%. De acordo com o relatório, o estado tem um dos mais rápidos crescimentos de população imigrante em todo o País.

