Um novo ano, um novo tempo - Viver Bem
Um novo ano está começando. Gosto do Reveillon porque ele é um ritual de fechamento e de início, demarcando psicologiamente o final de uma fase e o começo de outra. Faz bem para a psique saber que temos um momento que pode ser aproveitado para demarcar simbolicamente o tempo, o qual não é um contínuo, mas cíclico. Todas as etapas da vida tem começo, meio e fim. A infância acaba, a adolescência dá lugar à juventude matura e esta também um dia termina. A gestação abre um novo ciclo, o parto é a apoteose desse novo começo e aí tem início uma longa experiência feita de muitas fases. Os bebês crescem e já são crianças, as quais um dia serão adolescentes que demitirão seus pais do lugar de donos do saber e chegará a hora em que seus quartos estarão vazios. A pele muda, o corpo se transforma, os olhos ganham novas expressões e novos saberes. A vida é cíclica.
Saber aproveitar a vida significa saber transitar por estas etapas sem querer eternizar nenhuma delas; estaríamos destinados ao fracasso inevitável. Reconhecer que precisamos manter o passo e seguir o caminho é um dos segredos mais difíceis e mais óbvios que existe. Há adolescentes arrogantes de 50 anos e crianças impertinentes de 40. Há mocinhas insegura de 45 anos e bebezões mimados e dominadores de 35. Envelhecer certamente não corresponde a amadurecer. E aprimorar o intelecto não traz consigo o amadurecimento do coração ou das atitudes. Assim como a vida é cíclica, nós somos um complexo quebra-cabeça feito de muitas peças cada qual precisando de sua escola, de sua atenção e de suas experiências de crescimento para se desenvolver.
A diferença entre essas etapas existenciais e o réveillon é que neste não está embutido nenhum processo biológico necessário; se trata de um ritual social e psicológico. Esta época do ano é como uma pausa na fala, como o silêncio entre as notas tão importante quanto o que explicitamente se ouve. O que então celebrar nessa data?
Recordamos o que realizamos no ano que está findado, as conquistas, as perdas, as mudanças, os desafios e as alegrias. Quais foram as suas? Se tivesse que voltar atrás refaria tudo de novo? O que mudaria? Qual foi seu aprendizado? Que pessoa é hoje comparada ao início do ano? Foi bom? O que poderia ter sido melhor? É hora de fazer um inventário, avaliar nosso percurso, pesar e analisar o que valeu a pena e o que não. Somente então os propósitos para o novo ano fazem sentido. A verdadeira pergunta é: quem queremos ser nesse ano que está começando?
Na trajetória de autocrescimento e desenvolvimento, cada ano marca uma passagem. Se você está comemorando um transcurso é porque sua vida deu alguns passos para frente, você os deu. Qual será a direção de agora em diante? O que a vida lhe diz? O que seu coração quer? O que sua mente sugere? Que estas perguntas estejam com você na transição de 2013 para 2014. Feliz tempo novo de realizações!
*Adriana Tanese Nogueira é psicanalista e life coach www.ATNHumanize.com
