Um novo ?boom? brasileiro em Miami?
Os primeiros sinais já estão sendo notados. Abertura de lojas sendo anunciadas ou planejadas. Os sintomas de uma retomada de um segmento que já movimentou bilhões de dólares entre Brasil e Flórida, estão cada vez mais fortes.
Os tempos mudaram, é claro, mas existe mesmo a possibilidade de um novo “boom” brasileiro em Downtown-Miami?
Para quem não sabe o que é, o que foi isso, vamos explicar rapidamente.
Entre 1988 e 1998, exatamente um ciclo de 10 anos, floresceu no centro de Miami uma verdadeira “cidade brasileira”. Formada por dezenas de lojas (alguns magazines gigantes com 3, 4 andares), agências de turismo, restaurantes, prestadores de serviços, exportadoras e toda uma variedade de serviços.
A economia gerada por “Little Brazil”, em Miami, chegou a ser contabilizada oficialmente pela cidade de Miami em bilhões de dólares anuais.
O “alimento” básico desse “boom” era o binômio “férias em Orlando-compras em Miami”.
Com a maxidesvalorização do dólar e a crescente dificuldade na obtenção de vistos de entrada nos Estados Unidos (as exigências para um visto de turista aumentaram radicalmente), o mercado definhou a ponto de, em 2008, não existir uma única loja brasileira remanescente daqueles “anos dourados”.
O movimento de brasileiros em Orlando, que chegou a ser de 500 mil visitantes/ano, atingiu, em 2005, um dos pontos mais baixos de sua história, com menos de 35 mil visitantes de origem brasileira. Uma queda assustadora e atípica, mesmo em fase de crise.
Desde 2006, a vinda de turistas brasileiros para a Flórida voltou a crescer. Lenta, gradual mas de forma constante.
O impacto na região Central da Flórida ainda está muito longe do desejado pelos “saudosistas” dos “anos dourados”, mas já motivou o renascimento de ícones do turismo brasileiro na região. O famoso Restaurante “Camila’s” em Orlando voltou a ser o ponto frenético de parada orbigatória das excursões. Os prestadores de serviço (receptivo, guias, lojas especializadas para brasileiros) em Orlando, já são em número substancialmente maior que há 3 anos atrás.
Miami “ainda” não sentiu reflexos significativos desse impacto. Mas a julgar pelo “zum zum zum” e por alguns anúncios recentes, os empresários mais experientes e que muito lucraram nos “anos dourados” parecem já estar marchando em direção à abertura de negócios.
Um desses empresários, Tony Moura, dono da antológica “Carol Shop” (que chegou a ter departamentos em sociedade com Luciano de Valle e Faustão) já esteve sondando em Miami a reabertura de um dos espaços célebres daquela época, a “Victor’s” que foi a maior e mais lucrativa loja brasileira já existente nos Estados Unidos.
Há quem seja cético em relação a uma volta dos “bons tempos”, do jeito como era antes.
Sem querer se identificar, para não parecer pessimista, um experiente empresário brasileiro com mais de 30 anos atuando no turismo entre Brasil e Estados Unidos, acha muito difícil que Miami repita o fenômeno do jeito que foi.
Para ele, ainda que os sinais de me-lhoria existam, Orlando já tem uma estrutura de lojas recheadas dos produtos que os brasileiros adoram comprar. A conveniência de fazer compras e se divertir no mesmo lugar, evitando um deslocamento extra a Miami, faria com que apenas uma parte dessa nova geração de visitantes brasileiros, incluísse 1 ou 2 dias em Miami em seus planos de viagem.
Mesmo esse conhecido empresário reconhece, entretanto, que há uma acentuada melhoria no fluxo de turistas do Brasil para Miami. Há muitos fatores contribuindo e novos fatores estão para acontecer, como maior concorrência no mercado de vôos entre Brasil e Flórida, que vão gerar impacto nos preços, barateando as passagens e trazendo mais turistas.
Por inúmeras razões o aquecimento no tráfego turístico entre Brasil e Flórida é mais do que desejado. É uma alavanca econômica para impulsionar nossa comunidade, porque gera empregos e demanda serviços.
A temporada de junho/julho será um termômetro (ainda tímido) dessa nova tendência. Vamos monitorar. É importante para todos.
