Um português de brasileiros

Por Rodrigo Maia

O que é crase? O correto é onde ou aonde? Chego ou chegado? Uso o porquê junto ou separado, com ou sem acento? E a tal vírgula, coloco cada vez em que eu respiro? Meu Deus! Quantas dúvidas!

Dá pra ficar um dia todo só lembrando das principais dificuldades que os falantes têm em relação à Língua Portuguesa. Desde meu tempo de escola, fico impressionado. Qual será o motivo de tantas dúvidas? Por que as pessoas não entendem tudo isso?

Tenho certeza de que é possível estudar o Português de uma forma interessante, sem perder a beleza e a riqueza do idioma. É possível entender a Língua Portuguesa, e usá-la corretamente, sem ficar a vida inteira apenas decorando as regras ortográficas e gramaticais.

Algumas escolas ensinam, por exemplo, que o sujeito de uma oração é “aquele que faz e pratica uma ação”. Mas quem pratica a ação na sentença: “a criança ganhou um beijo da mãe”? Se pensarmos no que está escrito, a mãe é quem pratica a ação de beijar. Contudo, ela não é o sujeito da oração. O sujeito é “a criança”. Aí complica tudo, né?

Já vi professores ensinando, para simplificar, que substantivo concreto é aquele em que podemos pegar; e abstrato o que não podemos pegar. E lá vem o problema do “decoreba”.

Você sabia que, em Língua Portuguesa, Deus é um substantivo concreto? Isso mesmo: concreto! Para a Língua Portuguesa, o substantivo Deus é concreto; e não abstrato. Mas alguns vão dizer: “eu não pego em Deus!”.

E eu respondo: substantivo abstrato é outra coisa, não tem nada a ver com “pegar” ou “não pegar”. Acompanhe dois exemplos. O substantivo amor é abstrato, pois deriva do ato de amar. E o substantivo “esperança” é abstrato, porque deriva do ato de esperar. Simples assim!

O substantivo Deus é uma “nomeação direta”, sem relação de derivação com uma ação, como é o caso de amor, que vem de amar; e esperança, que vem de esperar. Portanto, Deus é um substantivo concreto! Continuo com a pergunta que fiz no começo do texto de hoje: por que apenas decoramos regras, se o mais legal é entender e aprender para nunca mais esquecer?

Faço aqui uma proposta. Que tal começarmos a enxergar nosso idioma de uma forma mais interessante? Que tal pensarmos em um Português com regras, mas, também, com explicações mais dinâmicas e enriquecidas pelo uso do dia a dia?

Este será o nosso desafio neste espaço: estudar o Português, sem complicações, de forma agradável e repleta de aprendizado.

Então, estou falando de uma língua sem regras? Não! Isso é impossível. Estou falando de perder a gramática de vista? Não, também! Estou falando mesmo é de analisar uma língua cultural, em constante mudança, e que falamos e escrevemos o dia inteiro! Estou falando de estudar e viver um Português de Brasileiro!

Participe! Mande suas dúvidas para o e-mail rodrigo@gazetanews.com. Quero fazer os textos dessa coluna de acordo com o que os leitores precisam e querem saber. Espero sua mensagem!