Tema imigração teve pequeno peso nas prévias em Iowa
O jovem senador Barack Obama causou na noite de quinta-feira a primeira surpresa da campanha eleitoral americana ao derrotar nas prévias democratas de Iowa a favorita Hillary Clinton, enquanto o ex-pastor batista Mick Huckabee venceu entre os republicanos.
Obama, que pode vir a ser o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, também aplicou um duro golpe na senadora e ex-primeira-dama Hillary Clinton, assim como ao ex-senador John Edwards, na votação do pequeno Estado rural.
O senador por Illinois conseguiu o apoio de 37,58% dos delegados de Iowa, deixando seu adversário mais próximo, Edwards, a quase dez pontos de diferença (29,75%) e Hillary a 29,47%, num decepcionante terceiro lugar, depois de liderar as pesquisas durante meses.
"Serei o presidente que aproveitará a sabedoria dos agricultores, dos cientistas e dos empresários para liberar este país da tirania do petróleo de uma vez por todas", afirmou o pré-candidato democrata, em um discurso no qual agradeceu o apoio a seus partidários de Iowa.
Durante a campanha, Obama garantiu que não descartava a possibilidade de dialogar com vários rivais dos Estados Unidos, entre eles países produtores de petróleo como Irã e Venezuela.
Obama, 46 anos, ganhou em um Estado onde 95% da população é branca, depois de se apresentar como o candidato da mudança e da esperança, ao mesmo tempo em que sempre recordou que não apoiou a invasão do Iraque no Congresso, como seus adversários Hillary e Edwards.
A ex-primeira-dama se declarou, no entanto, otimista em relação às primárias que serão realizadas na próxima terça-feira, em New Hampshire, e ao resto da campanha. "Estou totalmente pronta para o resto da campanha e estou disposta a liderar", garantiu Hillary em um breve discurso aos seus partidários em Iowa, acompanhada na tribuna por seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, e pelo resto da família.
Republicanos - Da parte republicana, o ex-governador do Arkansas, Mike Huckabee, venceu as prévias republicanas em Iowa, onde se iniciou formalmente a corrida para as presidenciais de 4 de novembro nos Estados Unidos.
Huckabee, 52, que registrou um forte impulso no último mês graças ao apoio dos evangélicos, derrotando o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney, um mórmon que encabeçou durante vários meses as pesquisas em Iowa.
"Esta vitória demonstra que as pessoas são mais importantes do que os fundos", declarou Huckabee, que dispõe de menos dinheiro do que o empresário Romney para fazer campanha.
Em meio a uma campanha republicana dominada pela luta contra a imigração clandestina, o ex-governador, que foi pastor batista durante 20 anos, apresentou há um mês um plano de reforço do controle da fronteira, que recebeu o apoio do fundador dos chamados 'caça-imigrantes' Minutemen, Jim Gilchrist.
Conservador e enérgico adversário do aborto, Huckabee tem um grande poder de sedução graças a sua natural sinceridade e simplicidade, e define sua campanha em três palavras: "Família, fé e liberdade". "A fé não apenas me influencia, faz parte da minha identidade", diz Huckabee, que promete combater o casamento homossexual e o aborto se chegar à Casa Branca.
Huckabee também rejeita um maior controle sobre as armas de fogo nos EUA e é contrário às pesquisas com células-tronco embrionárias, além de defender um reforço no controle das fronteiras para acabar com a imigração ilegal.
Em compensação, o outro favorito entre os republicanos, o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, decidiu não se envolver na campanha em Iowa para investir todos seus esforços em outras primárias. Giuliani minimizou seu mau resultado nessas prévias, alegando o fato de ter priorizado outros Estados.
"Na medida em que o processo avance, veremos como esta estratégia será proveitosa, uma vez que concentramos mais atenção nos Estados desprezados pelos outros candidatos", disse Giuliani à CNN.
O pequeno Estado de Iowa costuma ser fundamental para as eleições presidenciais, apesar de ser pouco representativo do resto do país: sua população tem alto índice de agricultores e aposentados, e baixo índice de minorias étnicas.
Seu raro e complexo sistema de votação, o 'caucus', constitui, ao mesmo tempo, um exemplo de democracia direta e um verdadeiro quebra-cabeça burocrático.
