Uma fase passageira? - Editorial

Por Marisa Arruda Barbosa

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Seria uma fase passageira ou realmente a movimentação de brasileiros nos Estados Unidos está passando por uma mudança com a queda do real em relação ao dólar? A matéria de capa desta semana conta a história de empresários brasileiros que têm se estabelecido nos Estados Unidos prestando serviços aos turistas brasileiros. Se isso for um prenúncio de mudanças por vir, esse setor poderá ser bastante afetado. Ou, como é natural do brasileiro, ele pode se readaptar e recriar um novo serviço. Talvez a crise que afetou americanos também esteja a caminho dos brasileiros que terão, também, que passar por uma readaptação em relação a seu comportamento com as dívidas e o crédito.

Esta semana, vimos um caso caminhando para um desfecho. O segundo de três brasileiros acusados – e dois deles condenados – recebeu prisão perpétua pela morte brutal de uma família de missionários brasileiros no estado de Nebraska. O terceiro deles está no Brasil, pois foi deportado antes de o crime ser descoberto. Agora, mais uma vez, a Justiça continua pendente por causa das leis de não extradição do Brasil em relação a seus cidadãos. Enquanto um dos acusados teve a pena de morte decretada, o outro está solto em Minas Gerais, em um contraste assustador do quanto a Justiça de um país pode representar a mais pura injustiça para o outro.

Enquanto a reforma da imigração não sai, vemos pouco debate por um lado e muito barulho de outro. Durante o recesso do Congresso, deputados estão em seus distritos, onde se previa que o debate pela reforma deveria ser caloroso. Mas, na verdade, o que se vê é uma população muito mais preocupada com questões do dia a dia e a reforma da saúde, em vias de acontecer, como algo que afetará um número muito maior de pessoas do que a reforma imigratória.

Analistas tentam desvendar se a falta de debate é boa ou ruim. Enquanto alguns acreditam que o silêncio nesse momento pode perder o tal “momentum” da imigração, outros acham que a falta de debate demonstra que não há muito que debater por uma questão tão óbvia e certa como a necessidade de consertar um sistema quebrado e que não favorece a ninguém.

Quem não quer ficar em silêncio são os jovens ativistas, que pararam de usar becas e diplomas para chamar a atenção e passaram a sair nas ruas e realmente fazer barulho, mostrando que não importa um “band-aid” temporário, como o programa de parar deportações para os elegíveis ao DREAM Act, o DACA, enquanto suas famílias estão sendo constantemente separadas.

Agora, conforme o mês de setembro se aproxima, devemos ver o debate voltar, enquanto imigrantes aguardam, com o coração na mão, por uma decisão.

É importante que residentes da região fiquem atentos durante setembro e preparem-se para possíveis furacões. Autoridades indicam que, embora agosto tenha sido um mês tranquilo e sem tempestades, a temporada de furacão ainda pode se intensificar. Mas devemos torcer para que isso não afete as comemorações durante o mês da Independência, que serão muitas, como já podem ver na matéria sobre o Brazilian Love Affair, nesta edição.