Uma frase que vale por um continente - Via Legal

Por Jamil Hellu

images

Dita há quase meio século e atribuída equivocadamente ao ex-presidente francês Charles De Gaule, pois é de autoria do diplomata brasileiro Carlos Alves de Souza Filho, a célebre frase “O Brasil não é um país sério”, é uma verdade, triste, mas incontestável e que descreve perfeitamente o Brasil. Basta atentar para a sua história.

Desde o seu descobrimento – por acaso, a sua colonização, passando pelas capitanias hereditárias, governadores gerais, independência, monarquia e até os nossos dias, com a república. Os desmandos, as injustiças, os escândalos, a corrupção, a opressão dos fortes sobre os fracos, principalmente os indígenas nativos, os negros e, mais recentemente   sobre os pobres, que sempre formaram a maioria da população.

Fruto de uma colonização – portuguesa – desorganizada, cheia de vícios e exploradora, o Brasil, cresceu e se desenvolveu herdando tais malefícios e se transformando numa nação dominada e administrada pela burocracia na maioria de seus segmentos, tornando-se um campo fértil, aprimorada e mais sofisticada com o passar dos tempos.  Principalmente entre a classe política, formada pelos 3 Poderes a quem cabe governar o país e  a dar a população o bom exemplo, principalmente no cumprimento das leis, da ordem e do bom costume.

Infelizmente, em especial a classe política, constituída pelo executivo e pelo legislativo, graças a um  sistema eleitoral obsoleto, superado e viciado, em que seus componentes, são eleitos como representantes do povo junto àquelas casas, onde o voto é uma outorga, que na maioria da vezes não é honrado pelo votado (o político)  como é o desejo do votante (eleitor).

Há tempos, nós, brasileiros,  sempre acomodados, convivemos com todos os tipos de mazelas cometidas por vereadores, deputados, senadores, governadores e presidentes da república. Infelizmente, agidas dentro da lei, mesmo que nem sempre morais ou justas. Mas é lei. As escusas sempre votadas e aprovadas às escondidas na calada da noite.

Também, a classe política, com pequena exceção, no objetivo de benefícios ou vantagens das mais distintas ordens,  pratica atos dos mais abomináveis  possíveis, na certeza da impunidade,  violando as leis ou mesmo a Constituição.

Agora, mais do que nunca, a célebre frase “ O Brasil não é um país sério”, encaixa como uma luva, com  as lamentáveis  ocorrências  do Mensalão, onde deputados-criminosos,  já condenados, acobertados pelo Congresso Nacional, desdenham, zombam e desafiam o Supremo Tribunal Federal que os condenou.

Ao cúmulo de (ainda) detentores do mandato de deputados federais, “fazem” e votam leis. Sendo que José Genoíno e João Paulo Cunha (R$ 50 mil foi o seu preço no Mensalão) são membros da mais importante comissão, a de Justiça, da Câmara dos Deputados. Também, com o triste episódio da sessão da Câmara dos Deputados que preservou do mandato do deputado Natan Donadon, condenado por desvio de dinheiro público (LADRÃO) e formação de quadrilha, graças ao fatídico voto secreto e a ausência de mais de 50 deputados, dentre estes Paulo Maluf, João Paulo, Genoíno, Vicentinho e outros “santinhos”. Donadon teve o sinismo (para não dizer “cara de pau”) de reclamar – na sessão da Câmara que salvou o seu mandato – da alimentação (“xepa”) que é servida no Presídio da Papuda, onde está preso.  Se esquecendo que milhares de mães e crianças ficaram sem o leite que seria comprado com os quase R$ 10 milhões que ele “surrupiou”.

Ainda bem, com certeza, por receio às vozes das ruas e pela repercussão e ainda enlameada pelo caso Donadon, a Câmara dos Deputados, após 7 anos de engavetamento do projeto, aprovou o Fim das Votações Secretas, arma usada pelos deputados safados esconderem as suas caras nas votações contrárias aos anseios populares.