Uma nova liderança: do topo ao centro - Negócios & Empresas

Por BBG

Businesspeople Holding Puzzle Pieces

Está surgindo uma nova forma de liderança, aquela na qual o líder não está no topo de seus funcionários ou seguidores, mas no centro deles. A hierarquia tradicional está mudando de forma. Pode-se visualizar a hierarquia masculina patriarcal como uma pirâmide na ponta da qual está o líder. Abaixo dele, as diversas camadas de subordinados se dispõem em ordem de importância. Na larga base estão os menos poderosos, os quais, por outro lado, formam justamente aquela base ampla sem a qual o topo desmorona.

O líder do passado fundamenta seu poder sobre a autoridade imposta pelo medo: dependendo das circunstâncias você pode ser morto ou demitido, excluído do grupo ou do país. Um líder desses precisa ser forte, não ser emocional, manter distância das pessoas porque a proximidade leva a ter sentimentos que podem se sobrepor às necessidades do poder. Essas condições alimentam o egoísmo (“é tudo para mim”, “eu não divido”) e o egocentrismo (“eu antes dos outros”, “só tem eu que importa”), daí os abusos de poder que vemos em todo e qualquer lugar. Uma pessoa que está acostumada a estar acima dos outros cairá muito provavelmente na armadilha do abuso de poder.

A chave para a mudança está no autoconhecimento. Reconhecendo em si as tendências para o abuso, o egoísmo e o egocentrismo, o líder retorna a ter contato com sua humanidade. A humildade de reconhecer os próprios limites nos torna humanos, inclusive porque esses limites são universais, todos tendemos a cair neles quando as circunstâncias permitem. O que impede esse deslize é o autoconhecimento, porque a pessoa que se conhece vai corrigir seu comportamento.

Na era da internet, de mercados globais e de mudanças demográficas (quando, por exemplo, temos muito mais mulheres no mercado de trabalho) uma mudança no modelo de liderança está ocorrendo de forma natural. As mulheres, em particular, têm uma vantagem nesse novo modelo em emersão: elas tendem a valorizar autenticidade acima de cargos de poder. Nesse modelo, o centro substitui o topo. O centro está de certa forma conectado a todos os pontos de um círculo. No círculo não há hierarquia, e sim conexões. Enquanto do topo se manda, do centro se influencia.

As atitudes necessárias para o modelo de liderança que parte do centro são: intuição, colaboração e coerência (fazer o que se prega). No centro, o líder está sujeito a ser visto e criticado, mais do que o chefe sentado lá no alto do seu trono, portanto o líder da nova era é coerente com seus valores, se conhece para compreender suas tendências internas, necessidades e limites, e assim compreender melhor aos outros com quem trabalha. Se conhecendo, o líder sabe discriminar melhor seus colaboradores, quem são, do que precisam, quais seus problemas e quais as melhores funções que podem exercer.

Esta dimensão da liderança é feminina. Diferentemente do passado, a ênfase no contínuo crescimento de seus colaboradores é um das características em destaque desse modelo. No lugar do conflito, o fluir das coisas, no lugar de pegar de frente, encontrar novos e alternativos caminhos. O objetivo é fazer acontecer. O protagonista é o grupo, não somente o líder. Essa habilidade em adaptar-se às necessidades individuais torna esse modelo feminino de liderança uma carta vencedora no novo cenário onde encontramos sempre mais pessoas que querem se destacar e ser alguém. A liderança pelo centro permite holofotes em cada um, conforme suas funções. Ser líder é uma delas, não a mais importante.

Outras características proeminentes desse modelo são a arte da comunicação, aquela da construção de relações significativas e a inteligência emocional. Pela comunicação, relações podem ser criadas e aprimoradas, permitindo a melhora da estrutura organizacional e maior eficiência nos resultados. Relações significativas são aquelas nas quais há autencidade e não a máscara do formalismo e da hipocrisia. São também aquelas nas quais ambos as pessoas se expõem como indivíduos ao mesmo tempo em que acolhem o outro como diferente de si. Em relacionamentos significativos há escuta verdadeira e auto-expressão sincera.

A inteligência emocional é uma abilidade a ser desenvolvida e assimilada à inteligência tradicional. Não só de lógica (e números) vive uma empresa. Ela é feita por pessoas. E sabemos que quanto mais satisfeitas essas pessoas forem no realizar de suas tarefas, melhor será o resultado, mais produtiva a empresa, encontraremos menos absenteísmo, menos sabotagem, menos doenças e menos conflitos. E, quem sabe, o sonho de um lucro alcançado com humanidade possa se tornar realidade.

Coluna do BBG - Brazilian Business Group Adriana Tanese Nogueira ATHHumanize.com 561-3055321