União Européia se recusa a mudar proposta agrícola

Por Gazeta Admininstrator

Mandelson irá pedir melhoria das propostas de outros países
A Europa se recusou a fazer novas propostas a respeito de tarifas e subsídios agrícolas antes das conversas sobre comércio mundial marcadas para o mês que vem.
A afirmação foi feita pelo comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, que acusou outros países de conduzir as negociações para um "apertado silo agrícola", atrasando um possível entendimento.

A partir desta segunda-feira, os principais negociadores da Rodada Doha se reúnem novamente em Genebra para tentar chegar a um consenso em torno de um acordo para liberalização do comércio mundial.

Este é o segundo encontro dos negociadores dos Estados Unidos, União Européia, Índia e Brasil em menos de duas semanas.

Com a proximidade da reunião ministerial em Hong Kong, de 13 a 18 de dezembro, ministros e diplomatas tentam resolver suas diferenças com urgência – há um temor de que se repita os fracassos de Seattle e Cancún em que não se chegou a nenhum entendimento.

O G20, grupo de países agrícolas liderado pelo Brasil, deseja ver maior abertura no mercado agrícola europeu.

Porém, Peter Mandelson avisou que não vai mudar sua oferta e que ela está condicionada à abertura do mercado dos países em desenvolvimento nas áreas de bens industriais e serviços.

Num encontro com ministros do Exterior em Bruxelas, Mandelson afirmou que iria continuar a pedir a negociadores de outros países que melhorem suas propostas para a rodada.

Porém, ele deu sinais de que uma nova proposta sobre o setor agrícola pode ser apresentada em Hong Kong ou depois disso.

Resistência francesa

A França tem sido um dos maiores entraves na busca por um acordo, resistindo a mais cortes em tarifas e subsídios da União Européia apesar da pressão dos maiores parceiros comerciais da Europa.

"A França relutaria em aceitar qualquer proposta da Comissão Européia de cortar tarifas agrícolas caso a medida ameace a Política Comum para a Agricultura (CAP, na sigla em inglês)", escreveu a ministra do comércio Christine Lagarde no jornal Financial Times.

Nesta segunda-feira, o ministro do Comércio da Índia afirmou que é improvável que um acordo seja alcançado nas conversas de Hong Kong, mas acrescentou que as disscussões estão caminhando na direção certa.

Kamal Nath disse à agência de notícias Associated Press que "assuntos divergentes e controversos" significam que um acordo em Hong Kong "não será possível".

Nath se encontra com Mandelson, o representante de Comércio dos Estados Unidos, Rob Portman e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim nesta terça-feira para tentar resolver a questão agrícola que emperra as negociações.

No último encontro, em Genebra, Portman apoiou abertamente a oferta do G20 para o setor agrícola – um corte médio de 54% nas tarifas de importação para produtos agrícolas.

Os americanos sugerem um corte médio de 67% e os europeus, de 39%.

Segundo Amorim, o negociador americano também disse que a "idéia" apresentada pelo Brasil para um corte nas tarifas industriais – uma média de 50% – era "interessante".