Universidade dos EUA testa câmera baseada em lagosta para detectar câncer
Uma espécie de lagosta “boxeadora”, um estomatópode extremamente agressivo, tem os olhos formados por omatídeos, placas de visão como as das moscas. Cada uma dessas placas recebe a luz de um ponto diferente e o animal “enxerga” uma mistura dessas combinações.
Isso faz com que eles vejam tudo em baixa resolução, porém detectam movimentos rápidos e a polaridade da luz, o que faz com que elas possam enxergar o câncer.
Os olhos dos homens não são capazes de perceber a diferença entre luz polarizada e não polarizada. Já os olhos da lagosta têm sensores extras capazes de analisar o ângulo de cada onda de luz separadamente – e, assim, distinguem entre esses tipos de luz diferentes. No mar, por exemplo, superfícies como escamas, que refletem luz polarizada, se destacam fortemente da água do fundo.
Além de saber “ler” a polarização da luz, o animal também emite pulsos de luz polarizada, onde entra a detecção de câncer. Células tumorais malignas refletem a luz polarizada de um jeito muito bagunçado e fácil de diferenciar de outros tecidos saudáveis.
A diferença, imperceptível para os seres humanos, seria fácil de perceber para uma lagosta boxeadora que emitisse um pulso de luz polarizada no tecido suspeito.
O que os cientistas não sabiam é que, bem antes do tumor começar a ser perceptível e causar sintomas, as células cancerígenas já começam a reagir estranhamente à luz polarizada.
Assim, vários grupos de pesquisa ao redor do mundo estão tentando imitar os olhos compostos de artrópodes para detectar o câncer precocemente.
A ideia é também que cirurgias de remoção de tumores fiquem mais precisas. Se a luz polarizada revelaexatamente que parte do tecido foi afetada pelo câncer, os médicos conseguem garantir que nenhum pedaço afetado pela doença fique no organismo– e também evitaria a retirada desnecessária de tecido saudável.
O protótipo já está em fase de testes clínicos na Universidade Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, com a câmera sendo utilizada para a detecção de câncer de mama por meio de exames de imagem.
Fonte: Yahoo e Spie Digital Library.