Uso medicinal da maconha entra em vigor nesta terça-feira na FL

Por Gazeta News

Entra em vigor nesta terça, dia 3, a emenda constitucional que permite o uso medicinal da maconha no tratamento de algumas doenças, aprovada na última eleição por 71% dos eleitores da Flórida.

Um estudo recente divulgado pelo ArcView New Frontier Market Research Data mostrou que o estado da Flórida poderá registrar mais de $1 bilhão em vendas de maconha medicinal até 2019, devendo ultrapassar o estado do Colorado em um período de quatro anos.

No entanto, um novo conjunto de regras deverá ser adotado e aplicado pelo Legislativo da Flórida e pelo Departamento de Saúde para que a medida entre em vigor.

O que altera com a lei

A emenda permite o uso de maconha medicinal no tratamento de pessoas com doenças debilitantes, acompanhado por um médico licenciado. Em 2014, o Legislativo da Flórida aprovou o uso de baixo teor de tetrahydrocannabinol (THC) e Cannabidiol (CBD) - composto da planta que tem benefícios médicos significativos para pacientes que sofrem de câncer, epilepsia, convulsões crônicas e espasmos musculares crônicos, sem causar letargia ou disforia, sensação comum em quem faz o uso normal da planta.

O uso foi ampliado no ano passado e passou a incluir pacientes em condições terminais sob o “Right to Try Act” e permitiu-lhes utilizar doses superiores.

Os pacientes que sofrem de HIV, glaucoma, choque por estresse pós-traumático, esclerose lateral amiotrófica, doença de Crohn, doença de Parkinson, esclerose múltipla ou outras condições agora serão cobertos pela lei.

Como obter o tratamento

Os pacientes devem estar sob os cuidados de um médico licenciado que tenha concluído o curso de oito horas exigidas e realizados exames durante três meses, pelo menos.

De acordo com o Departamento de Saúde, o estado já registra um aumento de pacientes à procura do tratamento. A Flórida tem 340 médicos registrados. A expectativa é que haja um aumento significativo de médicos registrados durante o primeiro trimestre do ano, como também, de pacientes para esse tipo de tratamento, que atualmente são 1.495 registrados no estado.

No sul da Flórida, algumas pessoas que estão em tratamento ou que acompanham pacientes, comemoram a aprovação da emenda e enxergam nela (maconha) uma alternativa aos tradicionais remédios.

É o caso da brasileira Beatriz Moraes*, moradora no sul da Flórida que tem uma filha que sofre de autismo. Ela defende o uso medicinal da maconha, especialmente nos casos de crianças em que esse tipo de tratamento abrandaria os transtornos e diminuiria o sofrimento delas. “Minha filha é autista com sério problema de comportamento e problemas sensoriais. No caso dela, seria para ajudar a controlar os acessos de raiva”, declara.

Beatriz participa de um grupo no facebook intitulado MAMMA – FL (Mothers Advocating Medical Marijuana for Autism), que reúne pais e/ou responsáveis por crianças com autismo na Flórida, empenhadas em conhecer melhor e defender o uso medicinal da maconha para o tratamento.

Outra brasileira, a jovem Letícia Silva*, que mora em Coconut Creek e está há três meses em tratamento de um câncer. Ela menciona que já fez o teste sob supervisão médica e a erva realmente aliviou os efeitos colaterais da quimioterapia. “Após a quimioterapia, você sente fortes náuseas e a maconha medicinal tira essa sensação ruim e permite que você coma, por exemplo. Funciona melhor do que qualquer medicamento para náusea que o oncologista me passou”, declara.

A jovem ressalta também que os cientistas estão avançando nas pesquisas sobre o uso do óleo da planta que matam células cancerígenas, agindo diretamente no combate à doença. O Departamento de Saúde da Flórida tem até o mês de julho de 2017 para aprovar as normativas relacionadas à emenda, e a partir de outubro, começará o registro de cultivadores e dispensários, assim como a expedição de cartões para os futuros pacientes.

*Os nomes utilizados foram trocados a pedido das entrevistadas.

Centros de Distribuição

Cinco das sete organizações licenciadas receberam autorização para distribuir maconha medicinal. A CHT Medical, que foi aprovado há duas semanas, começará a entrega em casa este mês de janeiro. Pelo menos mais uma licença será concedida após um recente acordo entre o Departamento de Saúde e Southwest Florida nurseries.

Uma vez que o registro de pacientes atinja 250 mil, serão disponibilizadas mais três licenças, uma das quais será designada para os agricultores negros.

Dispensários (áreas de cultivo) estão abertos em Tallahassee, Clearwater e Tampa, mas de acordo com a Liga das Cidades da Flórida, 55 cidades em todo o estado tiveram alguma restrição ou proibição para dispensários devido a moratórias com o estado. Outras oito cidades estão revendo as moratórias.

Com informações do 7NewsMiami.