Varig é a maior devedora da América Latina.

Por Gazeta Admininstrator

Segundo dados levantados pela consultoria Economática, atualmente, a Varig é a empresa que possui o maior patrimônio líquido negativo das empresas de capital aberto da América Latina. Em comparação à 1.200 maiores empresas dos Estados Unidos ela alcança a 5ª posição. Esse levantamento analisou balanços da companhia aérea realizado desde 1986.

Desde então, a Varig conseguiu ter lucro líquido apenas em quatro anos. De acordo com Einar Rivero, coordenador da Economática para a América Latina, a empresa chega a ter uma receita importante, porém boa parte do faturamento são destinados aos custos de operação . "Os grandes vilões da companhia são os custos de operação e os administrativos, que são extremamente elevados", afirma.

Segundo o relatório do último trimestre de 2004 até setembro do ano passado, a companhia teve receita de R$ 8,8 bilhões (números corrigidos pela inflação até dezembro de 2005). Mas o custo operacional (todos os custos para a companhia levantar vôo, como gastos com aeronaves, hangares e salários de pilotos e de comissários, entre outros) chegou a R$ 6,6 bilhões, o que resultou em um lucro bruto de R$ 2,2 bilhões.

Subtraídos desse valor os custos administrativos (salário do pessoal administrativo e publicidade, entre outros), a Varig ficou com lucro operacional de R$ 345 milhões no período. Após o pagamento dos juros, Imposto de Renda e despesas administrativas, a empresa chegou a um prejuízo de cerca de R$ 570 milhões no mesmo período.

"Um lucro operacional de menos de meio bilhão [de reais] para uma empresa que fatura R$ 9 bilhões não significa nada."

Einar Rivero analisa também que a Varig conseguiu diminuir seus déficits financeiros nos últimos anos. "O problema é que o grande volume da dívida da Varig é operacional, com fornecedores como a Infraero e a Petrobras. A dívida financeira representa uma parcela menor."

Ao mesmo tempo, a aérea conseguiu melhorar, há quatro anos, o perfil da sua dívida: em 2002, a dívida de curto prazo (pagamento até um ano) representava 46,7% do total de seus débitos. Esse percentual caiu para 14,8% em 2003. Entretanto nos últimos anos esse percentual voltou a aumentar: do último trimestre de 2004 até setembro de 2005, foi de 22,2%.

Segundo a pesquisa da consultoria, do ranking das dez empresas da América Latina e dos EUA com maior patrimônio líquido negativo, quatro são companhias aéreas, entre elas a Varig.

A companhia aérea norte-americana Delta Airlines aparece em primeiro lugar nesse ranking, com dívida de US$ 9,9 bilhões. Ela vem seguida da Northwest Airlines, com passivo a descoberto de US$ 5,6 bilhões. A Varig aparece em quinto, com dívida de US$ 3,3 bilhões, e a AMR (American Airlines) em oitavo, com rombo de US$ 1,5 bilhão.

Assim como ocorreu com a Varig no Brasil, nos Estados Unidos as companhias aéreas mais antigas, com estrutura elevada de custos, sofreram com a concorrência das empresas de baixo custo que entraram no mercado, como a JetBlue e a Southwest. O que também complicou essa situação foi a concorrência com empresas aéreas mais antigas mas que conseguiram se adaptar às mudanças do mercado, cortando custos e buscando maior eficiência.

Isso também ocorreu na Europa com empresas aéreas como Swiss, KLM e Alitalia.

A estimativa é que a Varig tenha um custo por assento cerca de 30% maior do que o da companhia "low cost, low fare" (baixo custo, baixa tarifa) Gol.

Mesmo a TAM, que é muito mais eficiente do que a Varig, possui um custo por assento entre 9% e 10% maior do que o da Gol.