Venezuela ameaça ir a tribunal por extradição de cubano dos EUA

Por Gazeta Admininstrator

A Venezuela levará os Estados Unidos a um tribunal internacional para conseguir a extradição de um exilado cubano procurado por participação em um atentado aéreo de 1976, disse o presidente Hugo Chávez no domingo.

Em discurso pela TV, Chávez disse que as autoridades dos EUA não têm desculpas para não extraditar Luis Posada Carriles, um cubano naturalizado venezuelano que foi colaborador da CIA e fugiu de uma prisão da Venezuela em 1985.

Posada, 77, foi detido em Miami no mês passado e deve comparecer a um tribunal do Texas na segunda-feira, sob acusação de ter entrado ilegalmente nos Estados Unidos.

Ele é acusado por Havana e por Caracas de ser o mentor da explosão que matou 73 pessoas em um avião da empresa Cubana de Aviación. Ele nega qualquer envolvimento no atentado e foi inicialmente inocentado pela Justiça militar venezuelana no começo da década de 1980.

Chávez disse que, se Washington não permitir que Posada seja julgado novamente na Venezuela, ele terá "de ir a um tribunal internacional e acusar os Estados Unidos de violação das cartas democráticas, das cartas de direitos humanos, das cartas da ONU e da OEA, de todos os tipos de cartas".

O presidente não especificou em qual tribunal pretende se queixar dos EUA.

O caso prejudica ainda mais as relações entre a Venezuela e os norte-americanos, principais clientes do petróleo do país. Chávez e seu amigo Fidel Castro, presidente de Cuba, citam o caso Posada para criticar frequentemente o governo Bush.

No discurso, Chávez repetiu o alerta de que as relações entre EUA e Venezuela podem ficar ainda mais tensas. "(Se Posada não for entregue), iremos imediatamente colocar nossas relações com este governo (Bush) sob total e severa revisão", afirmou.

O caso Posada coloca o governo Bush numa difícil situação, pois de um lado deve lealdade à influente comunidade dissidente de cubanos nos EUA, mas por outro precisa cumprir sua promessa de combater o terrorismo em qualquer lugar do mundo.

O chanceler venezuelano, Alí Rodríguez, disse neste mês que Caracas não pretende romper relações com Washington.

"Não vamos invadir os Estados Unidos", disse Chávez, brincando, no domingo, para explicar que vai pesar cuidadosamente qualquer decisão.

Na sexta-feira, a Venezuela apresentou novas provas em favor da extradição de Posada.