Verão no sul da Flórida! Sol, praia e...sapos! - Saúde Animal

Por Dra. Paula Ferreira

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O verão na Flórida traz muita beleza e diversão, mas também significa a temporada do sapo venenoso, o Bufo marinus. Quem nunca escutou uma estória terrível sobre um alegre cãozinho que foi vítima desse tipo de envenenamento?

O sapo venenoso mais comum na Flórida é o Bufo marinus. A espécie não é nativa desta região. Acredita-se que o Bufo marinus (o sapo boi) foi introduzido como uma forma de controle biológico das pragas que destroem as plantações, mas como se reproduzem de maneira extremamente rápida, a sua grande população logo se tornou também uma praga. O veneno do Bufo marinus é armazenado nas glândulas paratóides. O sapo não é agressivo e o veneno não oferece perigo se as glândulas não forem tocadas. O sapo se move lentamente, tornando-se alvo fácil para os cachorros de instinto caçador. Na maioria dos casos, o cachorro pega o sapo com a boca (pressionando as glândulas) ou simplesmente lambe o sapo, o que estimula a secreção do veneno diretamente nas membranas mucosas. O cachorro não precisa engolir o veneno do sapo para se intoxicar, basta somente o contato do veneno com a gengiva ou com a língua. Imediatamente, o gosto amargo e o efeito irritante causa salivação intensa e o cachorro começa a espumar e a vomitar. As substâncias tóxicas (bufogeninas e bufotoxinas) começam a ser absorvidas e os seus efeitos afetam o sistema nervoso central e o coração. Essas substâncias tem efeito similar ao digitalis, uma substância usada na manufaturação de medicamentos para certas doenças do coração. Além das membranas mucosas, o veneno pode ser absorvido por cortes ou lesões na pele.

Gatos, cachorros e outros animais (e também os seres humanos) sao susceptíveis aos efeitos maléficos das bufotoxinas, mas a natureza curiosa dos cães, principalmente os de raça terrier, os tornam as vítimas mais frequentes do envenenamento. Cães de pequeno porte são geralmente os casos mais graves, pois como a dose de toxina por quilograma é maior, os efeitos também são mais graves. Os sintomas do envenenamento são: Salivação excessiva e espuma pela boca, quase sempre seguidos de vômito. A coloração das gengivas se torna de um vermelho forte, intenso. Se o veneno entrar em contato com os olhos, é comum o cão tentar coçar os olhos com as patas, no tapete, na grama ou nos móveis, o que serve para espalhar mais o veneno e causar uma severa irritação nos olhos (na conjuntiva e na córnea). Nesta fase do envenenamento, o melhor a fazer é uma intensa lavagem das membranas mucosas (língua, gengiva, olhos), com uma mangueira de jardim. Mas atenção: é muito importante que o animal esteja consciente e que seja capaz de engolir a água. Se ele já estiver na fase de convulsões ou inconsciente, é perigoso que a água entre pela traquéia abaixo e, consequentemente, atinja os pulmões, causando uma condição muito grave conhecida como “pneumonia por aspiração”. Mais ou menos 15 minutos depois do contato com o veneno, a vítima começa a demonstrar ataxia (dificuldade de coordenar os movimentos das pernas), rigidez nas pernas e a estirar o pescoço. Convulsões e perda de consciência, arritmia do coração, parada cardíaca, tremores, febre altíssima que pode ser seguida de hipotermia (temperatura corporal baixa), nistagmo (movimento anormal dos olhos), dificuldade de respirar, diarréia com ou sem sangue, coma e, muitas vezes, morte. Primeiros Socorros: Se você presenciar o envenenamento de um animal por um sapo, a primeira e mais importante ação é a lavagem copiosa das membranas mucosas, com uma mangueira ou debaixo da torneira, com bastante água. Se você perceber que o veneno atingiu os olhos da vítima, lave também os olhos. Como foi mencionado anteriormente, este procedimento só deve ser feito se o animal estiver consciente e for capaz de engolir água. Nao tente dar leite, azeite, vinagre ou outros antídotos caseiros, pois o veneno do sapo não tem antídoto. Após a lavagem, leve o paciente diretamente ao veterinário. Às vezes, o animal parece estar totalmente normal, mas violentas convulsões podem começar e, uma vez estabelecidas, só podem ser controladas com anticonvulsivos intravenosos (injetados diretamente na veia). O veterinário irá monitorar a temperatura e o ritmo dos batimentos cardíacos. Se o eletrocardiograma acusar um ritmo anormal, o controle é feito também com medicamentos intravenosos. Recomenda-se manter o animalzinho no hospital por mais ou menos 12 horas até que se estabeleça que ele está fora de perigo. Como evitar que o seu animal de estimação se envenene com um sapo

Estas medidas simples são valiosas:

]Alimente seus animais dentro de casa. Os sapos gostam de comida de cachorro e de gato, e além do mais, se o seu animal tentar defender a comida dele de um sapo, ele pode acabar envenenado.

Ponha a água dos seus animais sempre dentro de casa, pois os sapos também gostam de água limpa.

Mantenha seus animais de estimação dentro de casa nas épocas em que os sapos estão mais ativos (logo depois da chuva e nas noites de verão). Supervisione os animais de estimação quando eles vão ao quintal.

Remova itens de jardim que podem servir de abrigo para os sapos, ou pelo menos inspecione esses itens regularmente.

Construa uma barreira física ao redor de sua propriedade com uma tela fina que extenda mais ou menos 15 cm abaixo do solo.

Com essas dicas, esperamos que o seu animalzinho de estimação passe um verão agradável e seguro!