Vírus poderia ter relação com aumento de casos de obesidade

Por Gazeta Admininstrator

Pesquisadores identificaram um novo vírus humano que aumenta o depósito de gordura e, paradoxalmente, reduz os níveis de triglicerídeo em animais, de acordo com artigo publicado na revista médica "American Journal of Physiology - Regulatory, Integrative, and Comparative Physiology".

A descoberta pode ter importantes implicações para se entender e prevenir a obesidade em humanos, sugerem os autores.

Em estudos prévios, o médico Richard L. Atkinson e sua equipe da Univarsidade de Wisconsin, em Madison, haviam mostrado que injetar o adenovírus-36 faz aumentar o nível de gordura e baixar o de colesterol e o de triglicerídeos em frangos, ratos e primatas não-humanos. No ano passado, uma outra pesquisa mostrou que o adenovírus-5 favorece a obesidade em ratos.

No novo estudo, a equipe da pesquisadora Leah Whigham observou o efeito na gordura do adenovírus-2, adenovírus-31 e adenovírus-37 em frangos. Dos três, apenas o adenovírus-37 evidenciou efeitos sobre a gordura.

Semelhante ao adenovírus-36, o adenovírus-37 produz uma queda no nível de triglicerídeos, segundo os pesquisadores. Entretanto, o adenovírus-37 provoca aumento do colesterol - efeito oposto ao do adenovírus-36.

Além do adenovírus-37, o 31 também faz aumentar as células de gordura e favorece o acúmulo de triglicerídeos, afirmaram os pesquisadores.

Segundo Whigham, "o aumento quase simultâneo dos casos de obesidade em diversos países do mundo é difícil de ser explicado apenas pela alimentação e prática de exercício físico. Isso sugere que as adenoviroses podem ter colaborado para esta situação".

Whigham afirmou, ainda, que as provas de que certos vírus causam obesidade são cada vez mais categóricas e que sua descoberta pode ajudar a desenvolver uma vacina que previna a obesidade.

Enquanto isso não acontece, os cientistas sugerem que, além de adotar dietas e praticar exercícios físicos - formas eficazes de tratar e prevenir a obesidade -, os obesos devem "lavar bem suas mãos para evitar o contágio de outras pessoas".

A pesquisadora admite que muitos especialistas rebatem a idéia de que haja um vírus capaz de causar obesidade e, por isso, afirma que devem ser feitos mais estudos sobre o assunto.

Segundo Leah Whigham, existem pessoas e animais que podem ser infectados sem desenvolvem mais tecido adiposo, e a explicação para isso deve ser pesquisada. Nesse processo, os cientistas devem, na opinião de Leah Whigham, identificar os vírus, as pessoas por eles infectadas e desenvolver uma vacina.

Todos os adenovírus podem ser transmitidos por contato direto e com geralmente resultam em males respiratórios. Dependendo do tipo, eles também podem causar problemas gastrointestinais, infecções nos olhos e na bexiga, além de erupções na pele.