Vítimas de violência doméstica ficam em silêncio por medo de deportação

Por Gazeta Admininstrator

Muitas vítimas de violência doméstica nas comunidades de imigrantes têm medo de denunciar seus agressores porque estão ilegalmente no país e por isso temem que a polícia as entregue às autoridades imigratórias para serem deportadas.

Mas, de acordo com a conselheira da Health Imperatives, Gisela Lopes, este receio é apenas mais uma forma do agressor ameaçar a vítima, mas na verdade, ela pode ser protegida da deportação, já o abusador, se for imigrante regular nos Estados Unidos, é que corre o risco de ser deportado após cumprir as penas previstas em leis, caso as denúncias sejam comprovadas.

Há programas específicos nos Estados Unidos que podem oferecer alívio às vítimas e a oportunidade de uma vida sem violência neste país.

Um deles é o Ato de Proteção ao Tráfico e Violência de 2000, onde criaram um visto de não imigrante para não cidadãos vítimas de crime, chamado de “U-visa”, instituído para dar status legal para não-cidadãos que estão ajudando ou desejam ajudar autoridades na investigação de crimes. Depois de três anos, portadores do U-visa podem se candidatar para se tornarem residentes permanentes. Certos membros da família, como cônjuges e crianças, também são elegíveis para os vistos.

O U-visa beneficia não-cidadãos vítimas de crimes de estupro, exploração sexual, tortura e extorsão, assim como manipulação de testemunha, obstrução da justiça, falso confinamento, violência doméstica, abuso sexual, tráfico, ou outros crimes nos quais imigrantes vulneráveis são alvos frequentes.

No caso de violência doméstica, o abusador não precisa ser um cidadão americano ou residente permanente, e vítimas não precisam ter sido casadas com o abusador para ser elegíveis a um U-visa. A vítima também não precisa estar presente fisicamente nos Estados Unidos para se qualificar para um U-visa; a vítima pode se candidatar de fora do país desde que a atividade criminal tenha violado a lei dos EUA ou ocorrido em território americano.

De acordo com a conselheira Gisela Lopes, a violência doméstica ainda é uma prática recorrente nas comunidades imigrantes e assume diversas facetas. Lopes afirma que uma das principais causas que as vítimas de violência doméstica se recusam de denunciar o abusador é por medo de deportação.

Lopes disse, em entrevista a O Balcão, que imigrantes estão mais expostos à violência doméstica do que não imigrantes, e os imigrantes sofrem violência geralmente dos não imigrantes.

Natural de Cabo Verde, Lopes já trabalhou com vítimas de violência doméstica em seu próprio país, e agora está em Massachussetts, onde trabalha em um programa do Health Imperative. Ela trabalha com vítimas de abuso não só portuguesas, como também brasileiras.

Há algumas concepções erradas sobre a violência doméstica, como a que afirma que geralmente o agressor é o homem e a vítima a mulher. Existem vários casos contrários. Nem sempre a causa é o consumo de bebidas alcoólicas ou drogas, mas contribui bastante.

Caso queira conversar com Gisela, entre em contato pelo telefone: (508) 588-8255. Para buscar ajuda na Flórida, ligue para o Florida Domestic Violence Hotline: 1-800-500-1119. Ou acesse o site para mais informações:
fcadv.org. Caso precise de ajuda em português ou outra língua que não o inglês, o Hubbard House coloca intérpretes para traduzir telefonemas: (904) 354-3114.

Para comentários e sugestões: CLIQUE AQUI

Para ler a versão completa do Jornal Gazeta Brazilian News CLIQUE AQUI