Viva intensamente - Show de Bola

Por César Augusto

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Acho que um dos momentos mais tristes que eu já passei na minha profissão aconteceu essa semana. Morreu um dos maiores nomes dos atletas radicais: Dean Potter. Eu não sabia que ele era tão importante e respeitado até ler as notícias da morte dele. Por que eu fiquei tão triste? Porque o entrevistei 3 dias antes. E era um cara mega gente boa. Tanto que, mesmo depois da entrevista, não sabia o quanto ele era conceituado. Ele era humilde de verdade. Falava da paixão que tinha por esportes que desafiavam o perigo. Era viciado nisso. Esse foi o texto da reportagem que eu fiz para o Jornal Nacional, da TV Globo:

“O último desafio da vida de Dean Potter foi no sábado à tarde. Um salto de um penhasco, à beira de um cânion, a mais de 2.300 metros de altura, dentro do Parque Nacional de Yosemite, na Califórnia. Potter saltou de wingsuit, essa espécie de macacão com asas, ao lado do amigo Graham Hunt, 29 anos. Como os dois não respondiam aos chamados de rádio, uma equipe de helicóptero do Parque foi acionada pra localizá-los. Os dois corpos foram encontrados no dia 16 e, segundo a imprensa americana e agências de notícias, nenhum dos dois paraquedas foi acionado na queda. O caso está sendo investigado. Há menos de uma semana, 3 dias antes do acidente, gravei uma reportagem pro Esporte Espetacular com ele. Dean Potter preparou um piquenique pra gente.

Ali ele contou um pouco sobre a vida e os planos que tinha pra ela. Aos 43 anos, Dean Potter estava feliz, namorando, construindo uma casa, pensando em fazer um novo filme. O último documentário que ele produziu foi sobre ele e a melhor amiga dele, a Whisper, uma cadela da raça “boiadeiro australiano”, praticando base jump. Eles saltavam de paraquedas das pedras.

Saltavam juntos. Faziam isso quase todos os dias no parque Yosemite. Potter morava aqui há 20 anos. É proibido praticar o base jump no parque, mas ele saltava e todo mundo sabia disso. Potter era um atleta radical conhecido e respeitado. Além do base jump, praticava slack line, escalada. Começou a escalar aos 13 anos. A profissão dele era desafiar o perigo. Vivia disso e para isso.

Dean Potter conhecia todos os cantos do parque. Ele e a Whisper andavam muito por lá. Ele nos levou até os pontos mais bonitos. Impressionou a maneira com que os 2 lidavam com a altura. Eles não tinham medo nenhum. Potter falou sobre a paixão dele pelos saltos. A alegria de poder saltar com a melhor amiga. Disse que nunca ia até o limite em um salto. Ia no máximo até 80%. Deixava 20 para o caso de alguma emergência.

Três dias antes de morrer, ele e a Whisper caminharam até o ponto de onde Dean Potter saltaria pela última vez. Whisper não saltou com ele no dia do acidente”. Ele viveu intensamente. Morreu fazendo o que gostava. Claro que não deve ter morrido sorrindo, mas morreu feliz.  A Whisper vai sofrer com a falta do dono. Essa raça é muito apegada. O Dean Potter… vai continuar vendo a gente lá de cima, como ele já fazia há tanto tempo.

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