A volta - Show de Bola

Por César Augusto

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Como é difícil voltar. Calma, não estou falando de volta ao Brasil, estou falando dos treinadores de futebol. Muitas vezes a volta ao clube que o identifica é a demolição de uma imagem, a destruição do ídolo.

A última vítima da impiedosa volta foi Muricy Ramalho. Ele sempre foi mais do que querido no São Paulo. Nisso, talvez, entre os técnicos, só perca para Telê Santana. Muricy ganhou Libertadores, vários brasileiros, foi o responsável por muitos dos momentos inesquecíveis do tricolor. Resolveu voltar. Teve problemas de saúde e problemas com o time. O São Paulo, esse ano, não deslanchou e vez, como sempre, uma vítima: o técnico.

Claro que ninguém vai esquecer os momentos de glória, mas agora Muricy virou um simples mortal.  Ele não é a única vítima. Não é nem a maior delas. Nisso, vai ser difícil alguém desbancar Luiz Felipe Scolari. Campeão do Mundo, o homem que formou a família Scolari. Ele ganhou a Copa. Foi o comandante do Penta. Ficaria marcado por isso por infinitos anos. Até que resolveu voltar. Era a salvação. Ele precisaria assumir o time na missão de ganhar a Copa no Brasil. Ia ter a ajuda de outro campeão do mundo, tão ídolo quanto, o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira, técnico campeão da Copa dos Estados Unidos, em 94. A Copa do pênalti de Baggio, a Copa do grito de “Tetra”, eternizado na voz de Galvão Bueno.

Ele voltaram e a Alemanha se encarregou de transformar essa imagem vencedora em vergonha. A maior vergonha da história do futebol brasileiro. Quem é Felipão? Ninguém mais lembra do título, todo mundo se lembra da humilhação. Eu sou contra a volta. Mesmo Tite, que está bem no Corinthians, não deveria voltar. Ele foi campeão do mundo. Não vai conseguir de novo. Ou seja, na volta ele vai ser menor, por maior que consiga ser. Acho que o técnico que consegue ser ídolo, papel sempre destinado ao craque do time, deveria ser proibido de voltar pelo estatuto do clube. Se voltasse, voltaria em outro cargo. Mas não deveria voltar.

Acho que deveriam aproveitar a glória para fazer dinheiro, imediatamente depois da grande conquista. Felipão fez isso bem. Foi para Portugal, foi para o Uzbequistão… Deve ter dinheiro para sustentar a família dele por várias gerações. Dá para sustentar a minha família também e a de todo mundo que está lendo. O que faz o técnico ídolo voltar? Talvez a saudade daquele momento. A dependência. A necessidade de viver aquilo de novo. é como droga. Ele sabe que não vai fazer bem, mas não consegue se afastar.

Um amigo meu, hoje jornalista, já foi vocalista de uma banda. Conseguiu destaque na nova profissão, mas confessou que sente falta do aplauso. De vez em quando ele coloca um CD para se ouvir cantando e imagina o aplauso do público. Imagino que isso aconteça com esses treinadores.

Volta que dá certo é aquela de quem teve pequenas glórias que são possíveis de se repetir. Evitar um rebaixamento, levar um time grande de volta para a primeira divisão. Esse vira herói fazendo o que qualquer um faria. Aí deve aproveitar a fama para fazer dinheiro e pode voltar 500 vezes. É como leva a vida o Joel Santana, por exemplo. Vai ser ídolo eterno no Fluminense.  A volta não deveria ser tão cruel, mas é.

Avaliaçoes da Semana BOLÃO Cristiano Ronaldo O Real ganhou de 9. CR fez 5 gols. Já faz tempo que a Espanha tomou o nosso posto de “país do futebol”. O que eles tem jogado lá, faz tempo que não temos no Brasil. BOLACHA Felipe Nasr O piloto terminou bem a primeira corrida, a melhor estréia de um piloto na F-1. Ficou em quinto. Na segunda corrida, a realidade. Terminou em 12. Não vai ganhar nenhuma corrida na temporada e dificilmente repetirá o quinto lugar. BOLINHA Valdívia e Palmeiras Não sei quem tem razão, se o jogador ou o clube. Ele virou ídolo, mas pouco joga e pouco resolve. Pode até jogar bem, mas não chega perto de outros jogadores que fizeram história no Palmeiras. Quem já teve Evair, Djalminha, Luizão, Roberto Carlos, César Sampaio… não pode sofrer por Valdívia.