Voluntários ajudam migrantes a sobreviver na travessia entre México e os EUA

Por Gazeta News

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A travessia do deserto entre México e Estados Unidos já é perigosa, mas nesta época do ano o risco de morte por sede ou exposição ao calor sufocante é ainda maior. Cientes disso, voluntários costumam distribuir garrafas de água potável em trilhas improvisadas abertas no meio de montanhas e leitos secos de rios. Migrantes perdidos que têm a sorte de encontra-las, conseguem se salvar. As informações são do New York Times.

A partir de um acampamento de base no deserto, voluntários treinados por um grupo chamado No More Deaths (Chega de Mortes) patrulham o deserto, oferecendo água, comida, roupa e cuidados médicos a migrantes perdidos, feridos e exaustos, sem fazer perguntas a eles. Pelo menos 85 se voluntariaram neste verão, em sua maioria estudantes universitários.

A missão do grupo é simples, embora não deixe de provocar controvérsia: acabar com as mortes de migrantes nas terras fronteiriças do Arizona.

Todas as semanas, cerca de 550 litros de água são levados para fora do acampamento.

Byrd Baylor, 89, é autora de livros infantis de sucesso e vive numa área de 14 hectares. Ela disse que ajuda os imigrantes a "chegar onde precisam ir" há anos, distribuindo comida e água aos que atravessam suas terras. Uma década atrás, ela autorizou o grupo No More Deaths a montar uma base perto de sua casa.

Cofundado por um pastor cuja igreja serviu de refúgio a centro-americanos que fugiam da violência nos anos 1980, o grupo é composto de voluntários, em sua maioria brancos e progressistas, motivados por compaixão.

No verão, a estação do ano na qual mais ocorrem mortes, o calor é sufocante e o nível dos rios pode subir inesperadamente, carregando quem tenta atravessá-los. Há escorpiões venenosos e cascavéis. Grandes pedras soltas podem despencar em fissuras ou cânions.

Os métodos do grupo são cuidadosos, e Byrd Camp, como é conhecido o acampamento de base, funciona como uma plataforma. Ao longo dos anos, o grupo mapeou dezenas de caminhos, explorando montanhas e vales em busca das trilhas escondidas traçadas pelos migrantes.

Em uma manhã, voluntários saíram de carro e a pé até os pontos de distribuição de água, contando as garrafas que encontraram -intocadas, com a água consumida ou depredadas. No passado, câmeras flagraram a Polícia de Fronteira jogando fora a água que os voluntários tinham deixado.

Quando recebeu a acusação, o Immigration and Customs Enforcement (ICE), que controla o Boarder Patrol (Polícia de Fronteira), disse que a agência não tolera erros de conduta e que, quando identificados, seus agentes recebem medidas disciplinares apropriadas. A agência disse ainda que mantém "diálogo contínuo com grupos humanitários" e que, não obstante suas divergências, "as duas partes desejam reduzir as mortes no ambiente desértico do Arizona".

A Polícia de Fronteira coloca sinalizadores de socorro e avisos no deserto e transmite mensagens em espanhol para o outro lado da fronteira, num esforço para desencorajar migrantes de tentar a travessia. Com frequência, sua equipe de elite de busca e resgate socorre migrantes, como os nove mexicanos abandonados por seu atravessador nas proximidades de Arivaca em julho.

Um deles morreu antes que chegasse a ajuda. Mais tarde, os sobreviventes foram submetidos ao processo de deportação.