A Agência Nacional de Aviação Civil anunciou que o limite ao desconto nos preços das passagens entre o Brasil e os outros países da América do Sul, hoje de 30%, será elevado gradualmente, até ser totalmente liberado, em setembro. A partir de sábado (1º de março), esse desconto já poderá ser de 50%. Em junho, sobe para 80%. Ronaldo Serôa da Motta, diretor da Anac, anunciou ainda que, até o final do ano, a liberação gradual das tarifas será aplicada também para os vôos com destino à Europa. Depois, será a vez dos Estados Unidos.
De acordo com Serôa, anualmente 4 milhões de passageiros voam do Brasil para outros países da América do Sul, 10 milhões viajam com destino à Europa e 4 milhões para os Estados Unidos. Dos passageiros com destino à América do Sul, 50% vão para a Argentina, 20% para o Chile e o restante para os demais países.
CONGESTIONAMENTO
Serôa disse ainda que, com a implantação do sistema de redução de tarifas, estima-se que o preço das passagens seja reduzido em 50%, em média. Isso levará a uma elevação do tráfego aéreo em cerca de 10%. Segundo ele, o impacto desses números em relação ao volume geral de tráfego não chega a 1% o que, salientou, ''''não causará problemas de congestionamento nos aeroportos''''.
Ele ressalvou, no entanto, que o crescimento da demanda de tráfego aéreo nos aeroportos, na Europa, levou a ''''congestionamentos muito parecidos com os que vimos aqui''''.
Mas avisou que estão sendo tomadas medidas paralelas em relação à infra-estrutura aeroportuária para evitar esse tipo de problema. Ele ainda destacou que a direção colegiada da Anac, ao determinar a liberação gradual das tarifas aéreas,segue uma tendência mundial que resulta em estímulo ao aumento da concorrência e redução dos preços das passagens para o consumidor.
Ao anunciar a liberação gradual das tarifas, o diretor da Anac assegurou que o novo sistema não trará prejuízo às companhias brasileiras, que estão consolidadas no mercado, principalmente em relação às concorrentes latino-americanas. Serôa explicou que a liberação das tarifas vale tanto para companhias aéreas nacionais como internacionais.
O diretor da Anac citou ainda exemplos sobre a diferença de preços nas tarifas aéreas de passagens compradas no Brasil e adquiridas em outros países. Segundo ele, uma passagem para São Paulo-Buenos Aires custa US$ 205 se comprada na Argentina, e US$ 405 se adquirida no Brasil, pela mesma companhia, uma diferença de 97%. Já uma passagem de Santiago para o Rio, adquirida no Chile, sai por US$ 332, enquanto custa US$ 441 se comprada no Brasil.
VÔOS DOMÉSTICOS
As tarifas dos vôos domésticos já estão totalmente liberadas desde 2005, por meio da Lei nº 11.182, a mesma que criou a Anac. A medida vale para todos os vôos que partem do Brasil, tanto de companhias nacionais quanto de internacionais, entre elas TAM, Gol, Varig, Aerolineas Argentinas, Lan, Pluna, American Airlines, British Airways, Lufthansa, Taca-Peru, Avianca e Lloyd Aéreo Boliviano.
O diretor da Anac informou ainda que está em estudos a proposta de redução do espaço entre as poltronas, pedida pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, no ano passado. Serôa ressalvou, no entanto, que entende que esse item de conforto, na opinião dele, está entre os que as companhias poderão oferecer para tentar atrair clientes, além da própria redução de preços.

