Wachovia rompe com Citigroup e é comprado pelo Wells Fargo

Por Gazeta Admininstrator

O Wachovia, obrigado pelas autoridades a um casamento forçado com o Citigroup, acabou atraindo o Wells Fargo, que comprará todos os ativos do banco por um preço muito superior e sem recorrer aos cofres públicos.

As autoridades reconheceram nesta sexta-feira que estão diante de um fato consumado, após o anúncio de uma solução alternativa sugerida pelo Wells Fargo.

O Federal Reserve (Fed) anunciou que defenderia os interesses dos credores e correntistas do Wachowia, após o anúncio do Wells Fargo, que acaba de derrubar um projeto fortemente apoiado pelo poder público em nome da estabilidade do sistema financeiro americano.

"Uma nova oferta de aquisição do Wachovia foi apresentada pelo Wells Fargo. A proposta do Citigroup foi seriamente analisada pelo Federal Reserve" e o OCC (um dos organismos de regulação dos bancos americanos), informou o Fed em um breve comunicado.

"Ainda não examinamos a nova oferta do Wells Fargo e as questões que isso envolve. Os reguladores trabalharão com as partes para chegar a um resultado que proteja todos os credores do Wachovia, incluindo os correntistas, estejam estes segurados ou não, e que garanta a estabilidade do mercado", explicou o Fed.

Sheila Blair, presidente do órgão federal de garantia dos depósitos bancários (FDIC), disse por sua vez que "desde o fim do processo de leilão, o Wells reviu significativamente sua posição e apresentou uma nova oferta".

Blair destacou em um comunicado que o organismo que dirige "respeitava o acordo já anunciado com o Citigroup". Contudo, a FDIC estudará "todas as propostas para encontrar uma solução que sirva aos interesses dos cidadãos".

O Wells Fargo acaba de anunciar a compra da totalidade dos ativos do Wachovia por 15,1 bilhões de dólares em ações, ao contrário da oferta anterior do Citigroup, que se referia apenas às atividades bancárias.

O Wachovia é o quarto maior banco americano em ativos, e o Wells Fargo é o quinto. A fusão das duas instituições dará origem a um novo gigante bancário, presente na maior parte do território americano com 1,42 trilhões de dólares em ativos, 280.000 funcionários e 10.700 agências.

O anúncio da nova operação está sendo comemorada pelos acionistas do Wachovia, já que os títulos do banco se valorizaram em 7 dólares - muito acima do preço negociado na quinta-feira (3,91 dólares).

A reviravolta representa um golpe para a recente oferta do Citigroup, que sob a coordenação das autoridades americanas, anunciou na última segunda-feira a retomada imediata das atividades bancárias do Wachovia.

O acordo, no entanto, deixava de lado as atividades de corretagem e gestão de ativos, e previa que o Estado assumisse os prejuízos do portfólio de ativos do banco, que ultrapassa os 42 bilhões de dólares.

O banco Citigroup afirmouque o acordo de fusão entre o Wachovia e o Wells Fargo constitui uma "clara ruptura" do acordo de exclusividade que assinou com o Wachovia e aludiu à possibilidade de iniciar ações judiciais.

"O acordo do Wachovia quanto a uma transação com o Wells Fargo é uma clara ruptura de um acordo de exclusividade entre o Citi e o Wachovia", afirmou o Citigroup em um comunicado.

Os organismos públicos aceitaram correr o risco para evitar a quebra do Wachowia, que traria conseqüências imprevisíveis para o resto do sistema financeiro.