Zoellick adverte Brasil contra retaliação

Por Gazeta Admininstrator

Zoellick está no Brasil para preparar visita de Bush, em novembro
O subsecretário de Estado americano Robert Zoellick disse que os Estados Unidos podem retaliar o Brasil se o governo insistir em reivindicar na OMC o direito de impor sanções a Washington por causa da disputa em torno do algodão.
"Há sempre um perigo nas relações comerciais de que as coisas comecem a sair do controle. Se um decide retaliar, quem sabe outros vão fazer o mesmo", disse Zoellick, em Brasília.

Segundo a agência de notícias Reuters, a advertência envolveria a suspensão de preferências comerciais avaliadas em US$ 2 bilhões que o Brasil tem com os Estados Unidos.

Justamente nesta quinta-feira, o governo brasileiro pediu à OMC (Organização Mundial do Comércio) permissão para impor sanções no valor de US$ 1 bilhão a Washington pelo fato de os americanos não terem cortado os subsídios aos produtores de algodão no prazo determinado pela entidade.

Os subsídios americanos ao algodão foram considerados ilegais pela OMC, em resposta a uma reclamação do Brasil. A organização havia dado até julho passado para a retirada dos subsídios.

"Nós estamos tentando consertar tanto diretamente com o Congresso como tentando fazer a nossa parte nas negociações de Doha", afirmou Zoellick, referindo-se à rodada iniciada na cidade do Catar.

"A retaliação é contraproducente. Minha experiência no comércio mostra que a situação se agrava a partir de uma retaliação. A melhor forma de resolver isso é na Rodada Doha."

Zoellick foi representante do Comércio dos Estados Unidos no primeiro mandato do presidente George W. Bush.

De acordo com a Agência Brasil, o subsecretário disse ainda que os Estados Unidos não vêem mais a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) como forma de unir as economias do continente. Zoellick teria indicado que a melhor forma de integrar as economias é pela OMC.

Na visita a Brasília, cujo objetivo principal era preparar a visita de Bush ao Brasil em novembro, Zoellick também falou sobre a democracia na América Latina.

Ao contrário do tom crítico em relação às questões comerciais, o subsecretário americano elogiou o governo brasileiro, chamando Lula de "líder de esquerda" atento ao processo democrático.

Zoellick citou Bolívia, Equador, Venezuela, Nicarágua e Haiti como países de democracias frágeis e criticou especialmente o presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Segundo informações da Casa Branca, Bush deverá visitar o Brasil nos dias 5 e 6 de novembro, depois de participar da Cúpula das Américas, entre os dias 3 e 5, na Argentina. Do Brasil, o presidente americano deverá seguir para o Panamá, último país nesse seu giro pela América latina.