Mais um caso que mostra claramente as mudanças nas regras imigratórias nos Estados Unidos. Como tem sido visto com mais frequência, qualquer indocumentado que não tenha registro na polícia, mas tenha entrado ilegalmente no país via fronteira com o México e recebeu, mesmo que há 10 ou 20 anos, uma carta para comparecer ao tribunal e não foi, está sujeito à deportação.
É o caso de Thiago da Silva, que foi levado sob custódia da agência de imigração, U.S. Immigration and Customs Enforcement (ICE), no dia 29 de maio após a entrevista para obtenção do green card via casamento com sua esposa cidadã americana, Kathleen da Silva.
“Entramos para nossa entrevista de casamento e fomos aprovados, e quando saímos da sala, eles prenderam Thiago. Foi por causa de uma ordem de deportação de 2005 quando ele chegou aqui ilegalmente”, conta a esposa ,com quem Thiago tem uma filha de 8 anos e está casado legalmente desde 2013.
Thiago começou sua candidatura para legalizar seu status em 2016 e desde então fazia regularmente o check-in no escritório U.S. Citizenship and Immigration Services (USCIS) a cada dois meses (como fazia parte de seu contrato com funcionários de imigração). Ele recebeu os documentos necessários para viver nos EUA como carteira de motorista, permissão de trabalho e um cartão de seguro social.
Desde então, Thiago está sob custódia de imigração no Broward Transitional Center e está em processo para deportação e, para Kathleen e a filha, Jessica, tem sido dias difíceis. “Nós estamos passando por um momento muito difícil e lutando para conseguir custear o advogado para que o pedido de deportação dele possa ser reaberto e algum juiz possa reconsiderar a deportação porque fomos aprovados para o casamento, temos uma filha de 8 anos que nasceu aqui, pagou seus impostos, nunca teve problemas com a polícia.
Para Kathleen, que criou uma campanha para arrecadar dinheiro e tentar reverter a situação, Thiago, que trabalha com instalação de azulejos e pisos de madeira, é o único provedor da família e com ele detido, a situação financeira ficou apertada. “É uma situação que não esperávamos e os gastos estão além do que temos em nossas economias. Estamos pedindo ajuda porque entre os honorários de advogado, os custos de imigração, dinheiro para os gastos internos (fazer ligações, comprar comida, comprar xampu etc), contas domésticas estão além do que economizamos”, desabafa.
A esposa entende que a prisão do marido se deve às mudanças na política de imigração sob o governo do presidente Donald Trump.
“Isso não teria acontecido antes sob a administração de Obama, mas com Trump agora é muito difícil e eles estão levando pessoas sem histórico criminal para a custódia. Thiago me disse que há tantas pessoas lá que são boas pessoas, apenas pessoas que trabalham e estão lá para dirigir sem licença e coisas assim”, relata.
A advogada brasileira de imigração em Miami, Iara Morton, diz que começou a ouvir relatos de casos desse tipo na conferência da American Immigration Law Association em janeiro. Segundo a advogada, processos de pedido de Green card para pessoas que tenham ordem de deportação exigem procedimentos específicos. “Primeiro, você coloca no formulário do pedido de Green card que a pessoa tem uma ordem de deportação. Depois, é preciso fazer um pedido para que a corte reabra o caso da pessoa para que o pedido de deportação seja administrativamente fechado, depois pedimos o perdão para que a pessoa possa responder ao processo sem sair do país”, explica a advogada.
Como a maioria dos brasileiros que vivem nos EUA, Thiago veio em 2005 na esperança de uma vida melhor do que a vida que teve no Brasil. "Infelizmente a família dele no Brasil era muito pobre e ele não conseguiu aprovação para obter o visto para os EUA, então ele veio para cá pelo México. Desde então, ele trabalhou muito e fez tudo da maneira certa. Ele paga seus impostos desde a sua chegada e não tem histórico criminal algum”, conta a esposa.
Para ajudar, acesse a campanha Stops Thiago´s Deportation!
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DHS dificulta processos de legalização por casamento
