A facilidade para se obter cidadania, além da economia para se investir em algum negócio ou comprar um imóvel em Portugal, têm chamado a atenção de parte de brasileiros que moram ou investem na Flórida.
Nos últimos dois anos, além dos Estados Unidos, Portugal têm se destacado como segunda rota definitiva escolhida pelos 85 mil brasileiros residentes que em 2017 formavam a maior comunidade estrangeira no país - número 5% maior do que o registrado em 2016 -segundo Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo 2017, divulgado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), em Lisboa.
Imóveis
Os brasileiros são hoje a nacionalidade de estrangeiros que mais compra imóveis na região de Lisboa, segundo a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (Apemig), citada pela revista, com um quarto das vendas para clientes internacionais sendo feita para compradores do Brasil. Os números são endossados pela corretora de imóveis brasileira, Valéria Casal, que descobriu há um ano esse nicho no mercado português e resolveu apostar. “Pelo menos 24% de investimento em imóveis são de brasileiros - os que mais investem em Portugal atualmente, mais do que os franceses, que tinham a supremacia no ano passado”, afirmou ao Gazeta News. Com escritório em Miami (SucasaMicasa) Casal abriu um filial em Algarve, e diz que é crescente a onda de brasileiros que estão vendendo imóveis no Brasil e até mesmo em Miami, para comprar em Lisboa.
“Tenho duas clientes do Rio de Janeiro que tinham já comprado três imóveis na Flórida. Elas decidiram vender um deles e já começaram a investir em Portugal. Os outros dois imóveis também foram colocados à venda”, ressalta.
Sobre o perfil dos compradores, Casal destaca que é semelhante aos brasileiros que há alguns anos vêm investindo em imóveis e negócios nos Estados Unidos. “São pessoas de classe alta e média, que podem comprar para investir e para sair do Brasil se assim um dia desejarem”, analisa.
Os valores dos imóveis são atrativos para essa parte da população que investe no exterior. “Uma casa de 3 quartos (T3 como chamamos aqui) está por volta de €500.000. Estamos falando de Lisboa, Estoril, Algarve. Na área do Porto e mais pro Norte ainda é possível comprar por €300.000”, salienta.
“É possível o brasileiro comprar um imóvel/fazer um investimento por €500.000 e ter a residência europeia para si e para a sua família. Isso somado à segurança que o país oferece, além da culinária, pessoas receptivas, vinhos maravilhosos, lugares lindos para viajar, e sem falar que está na Europa, atrai”, conclui Casal.
Com uma loja de compra, revenda e aluguel de carros no sul da Flórida, o brasileiro Rafael Matos* está se preparando para se mudar para Portugal até janeiro de 2019, onde analisa investir no mesmo ramo de negócios. Segundo ele, “mesmo para quem está legal, que é o meu caso, se tornou muito complicada a permanência nos EUA. A cada momento existem novas legislações que acabam te deixando em um estado emocional muito ruim”, disse.
Investindo também nos brasileiros
Justamente pelo fato de ter mais brasileiros abrindo negócios em Portugal, há menos de um mês, os empresários Mariana e Romulo Barbosa, José Geraldo Araujo e Juliana Santana, da Lytron Marketing Agency, uma empresa de consultoria e marketing com sede na Flórida, chegaram a Portugal visando expandir o negócio.
“Muitos empresários brasileiros estão escolhendo as terras lusitanas procurando segurança e melhor qualidade de vida, porém, nós já tínhamos isso nos EUA. O que buscamos ao mudar para cá foi atender também essa clientela nova que vem crescendo por aqui”, destaca Barbosa.
Para atender os empreendedores brasileiros que estão chegando a Portugal, eles estão finalizando o site EmpresaEmPortugal.Pt
que em breve dará informações úteis e prestará serviços de assistência a nível pessoal e de negócios (imigração, vistos, abertura de empresas, planejamento estratégico e marketing) através de assessoria e parcerias locais.
Outros fatores que também contam para a escolha de brasileiros para Portugal incluem a facilidade da língua e, para jovens principalmente, a aceitação dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por 29 universidades e institutos locais.
*Nome trocado a pedido do entrevistado.
