Maior bilheteria nacional de 2004, com 3,08 milhões de espectadores, "Cazuza - O tempo não pára" é o filme com o maior número de indicações ao Grande Prêmio TAM de Cinema Brasileiro (a lista dos concorrentes foi divulgada ontem): são 12, em 11 categorias (tanto Andréa Beltrão quanto Leandra Leal concorrem a melhor atriz coadjuvante). O longa de Walter Carvalho e Sandra Werneck foi indicado ainda a melhor filme, ator (Daniel de Oliveira) e ator coadjuvante (Emílio de Mello), mas ficou de fora na categoria melhor direção.
"Narradores de Javé", com modestos 67 mil espectadores, vem logo atrás, com 11 indicações em dez categorias. O longa está na disputa nas categorias melhor filme, direção (Eliane Caffé) e ator (José Dumont), entre outras, e concorre duas vezes em ator coadjuvante (Gero Camilo e Nélson Xavier).
A premiação será entregue dia 24 de maio, na Marina da Glória. A direção da cerimônia ficará a cargo de João Falcão e contará com a apresentação dos atores do grupo de humor Z.É - Zenas Improvisadas, depois de dois anos com a turma teatral "Os desequilibrados", dirigida por Ivan Sugahara.
As mudanças na direção da cerimônia, do local - ano passado foi no Cine Odeon, na Cinelândia, onde faltaram poltronas até para os indicados - e dos apresentadores são apenas algumas tentativas de a Academia Brasileira de Cinema dar mais prestígio a maior premiação do cinema nacional.
O presidente da Academia, Luis Antonio Vianna, espera, inclusive, a presença maior da classe cinematográfica e dos próprios indicados, que parece não prestigiar tanto assim o evento. O Grande Prêmio, que está no seu quarto ano e o segundo com o patrocínio da TAM, tinha passado por fases de turbulência com o cancelamento do patrocínio da BR, que levou a edição de 2003, na qual se premiavam os melhores de 2002, acontecer quase em 2004.
- A classe precisa entender que a Academia, a votação e a presença na cerimônia são importantes - explica Vianna, lembrando que a seleção é feita pelo Conselho e a votação dos finalistas e dos vencedores são feitas pelos sócios da Academia, que varia entre 280 e 300 pessoas da classe. - A escolha do local já é uma tentatitva de mudar o modelo do evento.
Sai Claudio Assis, entra Dercy Gonçalves
A homenageada deste ano será Dercy Gonçalves. A edição passada homenageou Paulo José. A presença da atriz de 98 anos poderá dar uma apimentada ao evento, que ficou mais popularizado depois do episódio de Claudio Assis chamando Hector Babenco de "idiota" e outros impropérios na cerimônia de 2004.
Fernanda Montenegro concorre a melhor atriz por "O outro lado da rua", filme do estreante Marcos Bernstein, também indicado a melhor atriz coadjuvante (Laura Cardoso) e melhor ator (Raul Cortez). Esta categoria teve sete em vez das cinco indicações devido a um empate. Concorrem ainda, além de Cortez, Dumont e Daniel Oliveira, os atores Ailton Graça ("Contra todos"), Caco Ciocler ("Olga"), Lázaro Ramos ("Meu tio matou um cara") e Paulo José ("Benjamin").
A atriz Myriam Muniz, morta dezembro do ano passado, concorre ao prêmio póstumo de melhor atriz por "Nina". Guta Stresser, personagem-título do longa, ficou de fora das indicações. Cléo Pires, premiada no Festival do Rio 2003, foi escolhida por "Benjamin", de Monique Gardenberg.
O diretor Walter Salles ganhou uma indicação um tanto curiosa. O brasileiro concorre a melhor filme estrangeiro no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro com "Diários de motocicleta". O longa, sobre a viagem de Ernesto Guevara pela América do Sul antes de se tornar o líder revolucionário "Che", é uma produção dos Estados Unidos, Inglaterra, Peru e Argentina.
A escolha dos documentários não reservou surpresas, sendo indicados "Peões", de Eduardo Coutinho; "Entreatos", de João Moreira Salles; "Fala tu", Guilherme Coelho; "O prisioneiro da grade de ferro", de Paulo Sacramento; e "Língua - Vidas em português", de Victor Lopes.
