Nunca entendi muito bem alguns negócios. O fato de ser consultor não significa que eu tenha que conhecer profundamente todos os tipos de business que existem, pelo contrário, a cada dia aprendo um pouco. Mas tem um ou dois que nem fazendo muita força consigo compreender.
Um deles é o Food Truck. Acho muito legal como conceito, mais ou menos legal como higiene ou apresentação e nada legal – para não dizer inexplicável – no que diz respeito aos preços praticados.
O conceito é muito bacana. Particularmente, acho sensacional a ideia de levar seu produto aos consumidores. Acho que pode vir a ser uma alternativa às antigas lojas de rua, de bairro. Já que há uma migração para grandes shoppings, já escrevi sobre isso, imagino que essa alternativa poderá substituir os pequenos comércios. Gosto demais da ideia.
Creio que posso afirmar, sem medo de errar, que é uma tendência. Só espero que não se torne apenas uma modinha. Moda é uma coisa, tendência é outra.
A apresentação das comidas nos caminhões poderia ser melhor. Costumo dizer que os sanduíches já vêm babados, emporcalhados e, assim como muitos, sou daqueles que comem com os olhos. Apresentação tem que ser, digamos assim, apresentável. Mas tudo bem, não é isso o que me faz pensar duas vezes antes de sair para um encontro desses que são promovidos aos montes por aqui. Já fui em diversos e em todos eles acabei comendo alguma coisa. Virei até fã de um deles que, não por acaso, serve comidas bem apresentáveis.
O que me pega mesmo como negócio são os preços praticados. Ainda que o investimento seja grande, ele é infinitamente menor do que se alguém montasse um restaurante ou lanchonete. Não há número grande de empregados. Servem porções pequenas, o que proporciona uma margem absurdamente grande na relação preço de custo/preço final.
Não é preciso ser nenhum mágico das finanças para saber ou perceber isso.
A pergunta que faço é: por que cobram tanto por tão pouco? Semana passada, fui a um desses encontros na praça de uma marina, aqui perto de casa. Infelizmente, o que eu mais gosto não estava presente. Uma pena porque saí de lá sem comer nada. Me recuso a pagar $16 dólares por um pratinho de lagosta com batatas fritas. Detalhe: A lagosta era servida em pequenas “bolinhas” fritas, o que chamam por aqui de “bites”. Numa tradução livre seria o mesmo que dizer que é um pequeno aperitivinho, algo como uma mordidinha. Bites para os americanos é isso, tudo aquilo que é vendido em pequeninos pedacinhos que mal dão para sentir o gosto.
Bem, no caso da lagosta, serviam cerca que meia dúzia desses pedacinhos com umas vinte tirinhas de batata frita. Dezesseis dólares por isso “tudo”? Servido em pratinho de papelão? Não é só esse que abusava, todos os outros comerciantes fazem o mesmo. Você até paga, come, mas sabe que está sendo violentado.
Porém, no mundo dos negócios defendo tese: se o consumidor aceita pagar, a culpa não é de quem cobra.