O governo Biden propôs mudar a forma como os pedidos de asilo são tratados, com o objetivo de reduzir o enorme atraso no processamento de casos da fronteira EUA-México.
Geralmente, as pessoas esperam por anos para saber se elas serão ou não autorizadas a ficar nos EUA. A mudança é impulsionada pelo crescente número de pedidos de asilo nos últimos anos, especialmente na fronteira EUA-México.
Mudança de setorDe acordo com a proposta, os casos de asilo de rotina não seriam mais automaticamente encaminhados ao sobrecarregado sistema judicial de imigração, gerenciado pelo Departamento de Justiça, mas seria supervisionado por oficiais de asilo dos Serviços de Cidadania e Imigração dos EUA, que faz parte do Departamento de Segurança Interna.
Os defensores da mudança veem isso como uma maneira de ajudar aqueles com reivindicações legítimas de proteção, permitindo que os funcionários lidem mais rapidamente com pessoas que não se qualificam para asilo ou estão aproveitando o longo atraso para permanecer nos Estados Unidos.
"Os indivíduos elegíveis receberão alívio mais rapidamente, enquanto aqueles que não são elegíveis serão rapidamente removidos", disse o secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas.
A teoria por trás da mudança proposta é que os oficiais experientes de asilo do USCIS podem classificar mais rapidamente os casos. As pessoas que são negadas podem pedir a um juiz de imigração para rever a decisão e pedir um recurso se eles forem recusados novamente.
Como o sistema funciona agora, as pessoas que se apresentam na fronteira ou são presas pela Patrulha de Fronteira e se identificam como requerentes de asilo devem passar pelo que é conhecido como uma entrevista de "medo crível". Um oficial de asilo do USCIS determina se eles atendem aos critérios de alguém que enfrenta perseguição em sua terra natal por causa de raça, religião, nacionalidade, adesão a um determinado grupo social ou opinião política. Mesmo que aprovado, seu caso agora é encaminhado a um juiz de imigração e eles podem esperar anos por uma resolução.
A taxa em que o asilo é concedido varia muito pelo país de origem e circunstâncias de uma pessoa. Foi aprovado no último ano para 10% dos candidatos de Honduras e 11% para pessoas da Guatemala, enquanto a taxa para pessoas da China foi de 37% e 51% para os peticionários da Venezuela, de acordo com as estatísticas mais recentes do Escritório Executivo para Revisão de Imigração.
Doris Meissner, ex-comissária do Serviço de Imigração e Naturalização dos EUA, já havia solicitado a adoção dessa mudança, dizendo em um artigo de opinião recente do Migration Policy Institute que é "potencialmente um divisor de águas" que equilibraria a proteção humanitária para aqueles elegíveis com a necessidade de controlar a fronteira.
"O recente aumento das chegadas na fronteira EUA-México, que são os mais recentes de uma série de picos periódicos, tornam essa mudança ainda mais convincente", escreveu Meissner, agora membro sênior do instituto.
Grupos de defesa dos imigrantes aplaudem aspectos da proposta, mas ainda há críticas. O grupo Direitos Humanos Primeiro, por exemplo, disse que os requerentes de asilo devem ser capazes de obter uma nova audiência de seu caso, não apenas uma revisão, de um juiz de imigração se sua petição for negada e não deve ser sujeita ao processo de deportação rápida conhecido como remoção rápida se eles estão determinados a ficar inelegíveis para ficar.
"A regra proposta poderia ser usada e abusada para apressar os requerentes de asilo por meio de julgamentos sem tempo suficiente para garantir representação legal, reunir evidências ou preparar seus casos, levando as agências dos EUA a retornar à perseguição de pessoas que realmente se qualificam para asilo", disse Eleanor Acer, diretora sênior de proteção aos refugiados do grupo.
O DHS planeja contratar 1.000 oficiais de asilo e 1.000 funcionários de apoio para lidar com a carga de trabalho extra que resultará da mudança. O USCIS já tem mais de 400.000 casos de asilo pendentes de julgamento.
A proposta deve passar por um período de comentários públicos antes de ser aprovada como uma nova política. Com informações da AFP.
