As autoridades federais de imigração iniciaram, nesta semana, operações ampliadas na região de Minneapolis-St. Paul, em Minnesota, segundo informou um funcionário do governo à CBS News. As ações, conduzidas pelo ICE, miram imigrantes com ordens de deportação na área — que abriga uma das maiores comunidades somalis dos Estados Unidos. Ainda não há clareza sobre o alcance e a duração da ofensiva.
O endurecimento ocorre enquanto o presidente Donald Trump intensifica ataques verbais à comunidade somali de Minnesota, um grupo que ele critica com frequência e que costuma usar como justificativa para sua campanha de deportações em massa. Durante uma reunião de gabinete na terça-feira, o presidente chamou pessoas vindas da Somália de “lixo” e afirmou que elas “não contribuem com nada”. “Eu não os quero no nosso país”, declarou. “O país deles fede.”
Nos últimos dias, o governo suspendeu todos os processos migratórios — incluindo cerimônias de cidadania — para indivíduos da Somália e de outras 18 nações incluídas no chamado “banimento de viagens”. Também determinou a revisão de todos os green cards já emitidos a cidadãos desses países.
No mês passado, Trump anunciou o fim do programa de Status de Proteção Temporária (TPS) para somalis em Minnesota, acusando, sem provas, “gangues somalis” de aterrorizar o estado. O TPS para a Somália está previsto para expirar em março de 2026, embora o Departamento de Segurança Interna ainda não tenha formalizado a medida.
Trump também tem usado um escândalo de fraude em programas de assistência pública para atacar autoridades locais, alegando que imigrantes somalis “saquearam” o estado — mesmo que os casos, embora graves, envolvam apenas uma minoria da comunidade. O governador democrata Tim Walz classificou as falas do presidente como “mentiras e calúnias racistas”.
Membros da comunidade também reagiram. “Eu não sou lixo”, disse Hamse Warfa, empreendedor somali-americano da região de Minneapolis. “Sou um cidadão americano com orgulho.”
Minnesota abriga cerca de 76 mil pessoas de origem somali — pouco mais de 1% da população do estado — fruto de um fluxo migratório que começou nos anos 1990, após o início da guerra civil na Somália. Muitos imigrantes foram atraídos por oportunidades de emprego, segurança, boas escolas e redes de apoio estabelecidas. A maioria absoluta dos somalis em Minnesota hoje é cidadã americana: 52% nasceram no país e 42% foram naturalizados.
Já o impacto da possível eliminação do TPS seria limitado: pouco mais de 700 somalis possuem o status em nível nacional, sendo 430 deles residentes em Minnesota.
Fonte: CBS
