O Pentágono desviou ao menos US$ 2 bilhões de seu orçamento para apoiar operações de imigração da administração Trump, segundo um relatório elaborado por membros democratas do Congresso. A transferência de recursos, afirmam os parlamentares, prejudicou a prontidão militar dos EUA e levou ao cancelamento de importantes exercícios de treinamento.
De acordo com o documento, US$ 1,3 bilhão foi remanejado para financiar o envio de tropas e equipamentos à fronteira com o México. Parte desse montante estava originalmente destinada à construção de instalações militares, incluindo moradias e duas escolas do Departamento de Educação do DoD em Fort Knox (Kentucky) e Stuttgart (Alemanha). Outro pedido feito pelo Pentágono ao Congresso, em maio, solicitou a transferência de US$ 200 milhões para erguer uma barreira de 30 pés de altura em um trecho de 20 milhas na região de Yuma, no Arizona.
Informações fornecidas pelo general Dan Caine, presidente do Estado-Maior Conjunto, revelam que dois grandes exercícios militares — o "Vibrant Response" e uma rotação da 10ª Divisão de Montanha no Joint Readiness Training Center, em Fort Polk — foram cancelados, enquanto o exercício nacional “Ardent Sentry” foi reduzido. O motivo, segundo Caine, foi o deslocamento de efetivos para apoiar ações de imigração.
O relatório também aponta gastos de US$ 420 milhões em apoio à detenção de imigrantes em bases militares nos EUA e em instalações no exterior, como Guantánamo (Cuba) e Camp Lemonnier (Djibuti). Além disso, pelo menos US$ 40,3 milhões foram usados em voos militares para deportações — operações que poderiam ter sido realizadas de forma mais barata por contratos do Departamento de Segurança Interna (DHS).
Em resposta, o Pentágono afirmou que, com um orçamento anual próximo de US$ 1 trilhão, consegue executar múltiplas missões simultaneamente. A porta-voz Kingsley Wilson destacou que outras prioridades foram financiadas com a aprovação do “One Big Beautiful Bill”, projeto de lei apoiado pelo presidente Donald Trump.
Os democratas, no entanto, criticaram duramente o redirecionamento de recursos. A senadora Elizabeth Warren classificou a prática como um “desperdício político” e acusou o secretário de Defesa, Pete Hegseth, e a secretária do DHS, Kristi Noem, de usarem o orçamento militar como “caixa eletrônico” para agendas partidárias. Já o deputado John Garamendi afirmou que a medida compromete investimentos essenciais em treinamento e modernização.
O Senado ouviu nesta quinta-feira (11) altos oficiais do Pentágono, incluindo o comandante do US Northern Command, general Gregory Guillot, para discutir a legalidade das operações e o impacto das mobilizações da Guarda Nacional em várias cidades do país.
Fonte: ABC
