A luta de brasileiros que foram pegos de surpresa pela pandemia nos EUA e tentam voltar para o Brasil

Quase 7 mil brasileiros estão espalhados em 80 países e tentam voltar para casa sem sucesso, pela falta de voos e de recursos

Por Arlaine Castro

De Houstoun, Daniele Buruaem tenta voltar há quase um mês para SP.

Por causa da pandemia de coronavírus, a maior parte dos países fechou suas fronteiras, inclusive Estados Unidos e Brasil, resultando em cancelamentos em massa ou redução de voos, deixando milhares de brasileiros - pegos de surpresa - presos nos países onde já estavam.

Quase 7 mil brasileiros estão espalhados em 80 países diferentes e tentam voltar para casa sem sucesso, pela falta de voos e de recursos, segundo o portal Viagem e Turismo em consulta ao Itamaraty.

Uma das saídas em meio à restrição do espaço aéreo e o cancelamento constante dos voos comerciais é a repatriação - voos especiais, negociados pelo governo brasileiro junto às empresas e às autoridades de outros países. Nesses casos, a retirada dos cidadãos é feita por voos fretados ou operados pelo próprio governo, como foi o caso de brasileiros resgatados por aviões da Força Aérea Brasileira no Peru e na China, cita o portal.

No entanto, a estratégia não está sendo adotada em massa. Segundo o Itamaraty, a prioridade é acomodar brasileiros em voos comerciais ainda em operação. As companhias aéreas vão retomar aos poucos os voos em maio - medida sujeita a alteração.

Gabinete Consular

de Crise

Por causa da pandemia, o Ministério das Relações Exteriores criou o Gabinete Consular de Crise (G-CON), para dar assistência a brasileiros afetados no exterior. É preciso preencher um formulário e aguardar o contato.

"Um empurra para

o outro"

Com quadro crítico de ansiedade e pânico, o retorno da produtora de eventos de Cubatão (SP), Daniele Buruaem, 38 anos, que está em Lake Charles, Houston, tentando voltar há quase um mês para São Paulo, não se resolve apesar de contatos e tentativas com a companhia aérea e órgãos brasileiros, inclusive com o Gabinete Consular de Crise. Segundo ela,"um empurra para o outro" e foi informada pelo consulado em Houston que "enquanto houver voos comerciais aqui, não haverá repatriação".

"Minha passagem foi comprada ida e volta (29 de janeiro com retorno para 8 de abril), mas por causa da pandemia, a Aeroméxico remarcou primeiramente para 9 de abril. E de lá pra cá só cancelam", conta.

A produtora de eventos não sabe mais a quem recorrer. "O governo brasileiro me informou que o problema é mesmo da cia (sic) aérea e não deles. Agora, a Aeroméxico, companhia que eu vim e tenho passagem comprada pra voltar está cancelando e remarcando pela terceira vez, disse que não tá tendo voo para eu sair dos EUA e ir para o México, onde é a conexão", afirma.

Estresse emocional

Segundo ela, além do prejuízo financeiro por não ter mais dinheiro para se manter, a situação desencadeou um grande estresse emocional a ponto de precisar ser acompanhada por psicólogos de um programa gratuito específico para a ocasião.

"Apesar de estar hospedada na casa de uma amiga, não estava preparada para me manter por mais um mês. Sofro de intolerância à lactose, enxaqueca e ansiedade, consigo controlar tudo isso com atividade física e alimentação balanceada, mas aqui e nessa situação, não estou conseguindo".

O GN entrou em contato com a Aeroméxico no Brasil e foi informado de que os voos estão sendo operados uma vez por semana em cada rota e entende que o caso da brasileira é devido à redução dos voos. O seu voo foi remarcado para 15 de maio.

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