Recentemente, um artigo relacionado a imóveis explicava as vantagens e desvantagens de quitar uma hipoteca ou investir o dinheiro que seria usado para a satisfação da dívida imobiliária.
Essa é uma pergunta válida e uma resposta plenamente racional exige fazer conta, além de - na maioria dos casos - fazer readequações no orçamento doméstico. A proposta de analisar os números de forma fria é válida, mas não permite uma argumentação de pontos emocionais mais difíceis de mensurar e que são igualmente relevantes.
Nos Estados Unidos, assim como no Brasil, faz parte do fascínio popular "ter sua casa própria quitada". Normalmente, para a classe média, chegar a esse "patamar", é praticamente uma forma de atestar um "upgrade" de classe social. Convenhamos, isso faz bem ao ego de qualquer um.
Analisando os números de forma absolutamente racional, precisamos levar em consideração a taxa de juros no contrato de financiamento, a situação financeira atual do dono da casa, o 'credit score', entre outros fatores relevantes.
Mas, ao mesmo tempo, outros fatores emocionais precisam ser levados em consideração. Algumas perguntas que precisam ser respondidas são: o imóvel gera uma sensação de felicidade? Existe o interesse de mudança de cidade ou necessidade de mudar de bairro? Outras perguntas mais racionais, porém, ainda acompanhado de carga emocional: pretende ter filhos nos próximos anos? Esse imóvel trará satisfação da necessidade da família para os próximos 5 e 10 anos?
Quem mora nos Estados Unidos e tem filho em idade escolar sabe que uma eventual mudança de endereço por causa do distrito escolar beira a necessidade. Nesse caso, mesmo que tenha um trabalho estável na cidade que reside e o imóvel atual traz toda a segurança, comodidade, conforto, praticidade e satisfação que o lar espera de uma propriedade, uma eventual mudança de endereço para um distrito escolar de qualidade superior ainda pode fazer muito sentido.
E mais, a depender da idade do filho, mais mudanças de distrito também podem fazer sentido e - nesse contexto -, alugar um imóvel pode ser uma alternativa mais inteligente que a compra.
Entre os motivos racionais que poucos calculam, vale mencionar as diferenças entre financiamento e aluguel. O raciocínio aparentemente e simples, financiar a compra sempre vale a pena porque - no fim do financiamento - o imóvel é seu, no aluguel não. Mas há uma diferença importante e frequentemente passa desapercebido. Um financiamento nada mais é que o aluguel do dinheiro (no caso, o banco é a locadora), se o juros cobrado pelo banco for superior a 1% do valor do aluguel, financeiramente é mais interessante alugar.
Mas, lembrando que um proprietário tem controle quase total de decisão em relação a eventuais mudanças físicas a serem feitas. Um inquilino não.
