As mortes pela famosa “cirurgia do bumbum brasileiro” aumentaram na Flórida. Fadiga dos médicos e aumento na procura depois dos bloqueios impostos pela pandemia estão entre os motivos apontados.
O aumento de clínicas de estética transformou a Flórida em um destino nacional para a cirurgia plástica, mas o número de mortes assusta. Essa operação é considerada pela Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos a mais mortal de todos os procedimentos estéticos.
Em junho do ano passado, uma mulher de 33 anos morreu após passar pela famosa cirurgia de levantamento do bumbum conhecida como Brazilian butt lifts, no Seduction Cosmetic Center em Coral Gables. Depois dela, mais de uma dúzia de mortes envolvendo o procedimento popular em diferentes clínicas no sul da Flórida foram relatados, segundo levantamento do NBC 6.
Naquele dia, a mulher foi a sétima paciente a fazer o procedimento do mesmo médico, de acordo com uma reclamação administrativa do Departamento de Saúde da Flórida.
De acordo com o processo administrativo aberto contra o médico, a queixa diz que o Dr. John Argyle Gilmore Sampson começou a operar pacientes às 6:32am da manhã de 16 de junho de 2021, no Seduction Cosmetic Center em Coral Gables, e iniciou o procedimento da vítima às 8:31pm do mesmo dia.
“Ele já havia feito seis cirurgias antes”, disse ao canal NBC 6 o Dr. Dan Del Vecchio, cirurgião plástico de Boston que foi solicitado pela Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos a pesquisar as fatalidades nesses tipos de cirurgia estética.
Dr. Del Vecchio disse que quando os ‘lockdowns’ pela pandemia foram suspensos, houve um aumento no número de pacientes para fazer a cirurgia, o que também pode ter contribuído para o aumento nas mortes após certos procedimentos em Miami.
“Ficamos muito surpresos ao descobrir que, em 2021, mais pessoas morreram com a cirurgia do bumbum brasileiro do que em qualquer outro ano antes”, disse o Dr. Pat Pazmiño, cirurgião plástico certificado em Miami.
Por isso, a fadiga de médicos e profissionais da saúde também pode explicar as mortes.
"Através da pesquisa que fizemos, notamos algumas coisas, uma, as mortes pareciam estar ocorrendo, a maioria no final da semana, quinta e sexta-feira... isso é consistente com fadiga e distração", disse o Dr. Del Vecchio, referindo-se às oito mortes registradas no ano passado.
Os especialistas vão recomendar que os cirurgiões limitem os procedimentos BBL a três por dia, minimizem os fatores que causam fadiga e distração durante o transplante de gordura e aprendam e incorporem máquinas de ultrassom para orientá-los durante os procedimentos.
“Estamos ordenando que todo cirurgião faça BBL com ultrassons para que possam ver exatamente onde estão, que não estão sob o músculo”, disse Del Vecchio.
No caso do Dr. Sampson, a queixa afirma que ele perfurou o fígado, bexiga e/ou intestinos de seu paciente enquanto coletava gordura e depois injetou essa gordura muito profundamente em seus músculos glúteos, algo conhecido por causar embolia pulmonar.
“Essa é a causa número um de mortalidade nos levantamentos de bumbum brasileiros”, disse o Dr. Del Vecchio.
Após as fatalidades, uma força-tarefa de cirurgia plástica investigou o procedimento, e recomendou que os médicos evitem penetrar no músculo durante a cirurgia.
No processo, o estado acusa o Dr. Sampson de negligência médica, argumentando que ele não seguiu esse padrão de atendimento. Foi emitida uma ordem de emergência proibindo-o de fazer lipoaspiração, transferência de gordura ou BBLs até que seu caso seja julgado.
Espera-se que as últimas recomendações do painel de cirurgiões plásticos sejam publicadas em breve no Plastic and Reconstructive Surgery Journal. Fonte: NBC 6 Miami.
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