Irregularidades transformam a cirurgia do bumbum brasileiro em perigo na FL

Por Arlaine Castro

Casas funcionam sem licença.

A demanda pela Brazilian butt lifts, conhecida como “cirurgia do bumbum brasileiro”, tem transformado a realidade do sonho da estética em pesadelo para pacientes no sul da Flórida. O número de mortes após o procedimento aumentou  nos últimos dois anos. 

Casas de recuperação não licenciadas na região de Miami continuam funcionando com falta de estrutura e riscos às pacientes. Geralmente, o pós-cirúrgico é feito nessas “casas”, vinculadas ou indicadas pela clínica onde foi feita a cirurgia. E é onde os casos de mortes e riscos para as pacientes são relatados.

No mais recente caso envolvendo o assunto, mulheres que viajaram para o sul da Flórida para fazer a cirurgia estética falaram ao Local 10 sobre o pesadelo depois de pagarem US$ 1.150 por seis noites para cuidados pós-operatórios numa casa da área de Brownsville em NW Miami-Dade.

“Só rezo para passar por isso e poder voltar para casa”, disse uma paciente chamada Maria, “Sabe, às vezes você percebe tarde que acabou de tomar uma decisão ruim”.

“Estou tão traumatizada agora que nem sei o que pensar”, disse outra paciente chamada Jennifer.

“No dia seguinte ao acordar, você percebe que não é bem o que você pensa que é”, acrescentou Maria, “Há uma casa de outras quinze mulheres, mas apenas um ou dois cuidadores de cada vez”.

Uma das pacientes precisou ser hospitalizada com complicações graves e pode precisar de mais cirurgias.

Sem enfermeiras e sem higiene

As mulheres afirmam que foram informadas de que as enfermeiras estariam à disposição para ajudar a cuidar delas nos estágios iniciais de recuperação. Porém, são pessoas comuns e em menor número do que deveriam ser. Além disso, tais funcionárias falam pouco ou nenhum inglês, o que dificulta o atendimento.

Outro ponto de reclamação são as condições insalubres dos locais. As mulheres descreveram sangue no chão, mofo nas paredes, baratas e suas roupas sendo lavadas com limpador químico áspero em vez de detergente. No meio da noite, alguém desligou a água e a energia elétrica da propriedade.

No dia 15 de abril, uma das pacientes ligou para o 911 depois de se sentir insegura na casa. “Venha descobrir que a instalação não está nem licenciada. Não deveríamos nem estar aqui”, denunciou.

No estabelecimento, a polícia notificou as pessoas que trabalhavam dentro de que a propriedade não estava licenciada e não autorizada para operar como uma instalação de vida assistida. Os investigadores dizem que não podem fechar as propriedades e despejar as pessoas que ficam dentro. Quando a polícia chegou, a equipe fugiu, deixando os pacientes à própria sorte.

Unidade de Crimes Médicos

Existem alguns detalhes específicos no caso que foram relatados por causa da investigação policial em andamento. Mas os detetives que lidam com esses casos para a Unidade de Crimes Médicos da Polícia de Miami-Dade disseram ao Local 10 que o MDPD é a primeira agência do estado a fazer prisões em casos de casas de recuperação.

A unidade faz parte do Bureau de Crimes Organizados e tem a tarefa de investigar todos os tipos de assistência médica não licenciada e fraudulenta. A polícia prendeu os acusados de operar e lucrar com as casas ilegais, mas diz que está fazendo parceria com agências estatais, investigando mais profundamente e suas investigações podem se expandir.

“Acredito que todas as mulheres que entram em uma dessas instalações sem licença… estão em perigo”, disse o detetive, que pediu para não ser identificado.

Aumento de 150%

Houve um aumento nas propriedades que estão operando tecnicamente como instalações residenciais não licenciadas. No ano passado, Miami-Dade viu um crescimento de cerca de 150% neste tipo de casas surgindo em bairros residenciais.

Como é uma cirurgia muito buscada também por brasileiras, o Gazeta News já entrevistou e relatou os perigos de realizar o procedimento em clínicas e casas de recuperação não licenciadas na Flórida.

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