Vacina covid-19: Pfizer anuncia 90% de proteção após testes

Por Arlaine Castro

As farmacêuticas Pfizer e BioNTech anunciaram a eficácia de sua candidata a vacina contra Covid-19, a BNT162b2, que está sendo testada no Brasil.

As farmacêuticas Pfizer e BioNTech anunciaram, nesta segunda-feira, 9, que sua candidata a vacina contra Covid-19, a BNT162b2, que está sendo testada no Brasil, é mais de 90% eficaz na prevenção à doença, segundo dados iniciais do estudo da fase 3. Os dados ainda não foram publicados em revista científica.

As fabricantes descreveram a novidade como um "grande dia para a ciência e para a humanidade".

A vacina foi testada em 43,5 mil pessoas de seis países e, em setembro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou que seus testes clínicos fossem ampliados no Brasil, de mil para dois mil testes em voluntários.

Segundo as fabricantes, nenhum problema de segurança na vacina foi levantado até o momento.

A taxa de eficácia representa quantas pessoas receberam a vacina e não ficaram doentes. Se essa taxa é de 90%, isso significa que, entre as pessoas vacinadas, 90 a cada 100 (ou 9 a cada 10) não ficaram doentes, ou seja, a vacina foi capaz de protegê-las.

O diretor da BioNTech, Ugur Sahin, disse esperar que a imunidade gerada pela vacina dure pelo menos um ano. "Devemos ser mais otimistas de que o efeito da imunização pode durar pelo menos um ano,” disse.

"É uma excelente notícia. 90% é um número extraordinário. Outras vacinas que nós usamos hoje estão na faixa dos 60, 70%", avaliou o médico Edson Moreira, que coordena os estudos da vacina no Brasil.

"A questão é a duração [da proteção] e a eventual necessidade de um reforço ou não, mas são coisas distintas", completou Moreira. A vacina da Pfizer está sendo aplicada em duas doses.
As empresas planejam solicitar, até o final deste mês, uma aprovação emergencial para uso da vacina, na expectativa de que a imunização ajude os países a reduzir as medidas de restrição de circulação em vigor.

Há cerca de uma dúzia de vacinas contra a covid-19 nas fases finais de testagem (chamadas de fase 3), mas essa é a primeira a apresentar resultados efetivos relacionados à prevenção. No Brasil, outra vacina em desenvolvimento, a CoronaVac, pelo Instituto Butantan, está justamente na etapa de investigar se ela é capaz de proteger contra a covid-19, depois de testes prévios terem indicado que ela é segura.

A vacina da Pfizer é diferente porque usa uma abordagem completamente experimental: envolve injetar parte do código genético do vírus de modo a treinar o sistema imunológico do indivíduo.

Testes prévios apontaram que a vacina treina o corpo a fazer tanto anticorpos quanto, em outra parte do sistema imune, as chamadas células T para combater o coronavírus.

São necessárias duas doses da vacina, com três semanas de diferença entre elas. Os testes (feitos, além do Brasil, em Alemanha, EUA, Argentina, África do Sul e Turquia) apontaram uma proteção de 90% depois da segunda dose. No entanto, é importante destacar que ainda não se sabe qual a duração dessa imunidade.

As fabricantes afirmam que serão capazes de prover 50 milhões de doses ao final deste ano e 1,3 bilhão até o fim de 2021. Com informações da BBC Brasil.