OMS desaconselha uso do remdesivir contra Covid-19

Por Arlaine Castro

Medicamento remdesivir usado no tratamento de pessoas hospitalizadas com a covid-19.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) desaconselhou nesta sexta-feira, 20, o uso do remdesivir no tratamento de pacientes internados com Covid-19, uma vez que o antiviral não evita mortes, nem o agravamento da doença.

“O remdesivir não é aconselhável para os pacientes internados com Covid-19, seja qual for a gravidade da doença, uma vez que não há nenhuma prova de que ele aumente a sobrevivência ou permita evitar a respiração assistida”, assinala o comunicado da OMS, que chegou a esta conclusão após consultar seu painel de especialistas, cuja avaliação será publicada na revista médica “BMJ”.

O painel do Grupo de Desenvolvimento de Diretrizes (GDG) da OMS disse que sua recomendação foi baseada em uma revisão de evidências que incluiu dados de quatro ensaios clínicos randomizados internacionais envolvendo mais de 7 mil pacientes hospitalizados com Covid-19. Um estudo liderado pela

OMS sobre antivirais foi apresentado em outubro, em uma pré-publicação, e aguardava a revisão por outros especialistas.

Os especialistas destacaram “a possibilidade de efeitos colaterais importantes”, bem como o custo “relativamente significativo e suas implicações logísticas”, já que o mesmo deve ser administrado “de forma intravenosa”.

O remdesivir foi desenvolvido contra a febre hemorrágica do Ebola e é vendido pelo laboratório Gilead sob o nome comercial Veklury. Em julho, ele se tornou o primeiro medicamento contra a Covid-19 a receber uma autorização de venda condicional no mercado europeu. A Agência Europeia do Medicamento informou em outubro que iria estudar a possibilidade de o remédio provocar “problemas renais agudos”.

Um estudo divulgado no mesmo mês, feito a partir de testes realizados em mais de 30 países com o apoio da OMS, concluiu que o remdesivir não mostrou resultado em termos de redução da mortalidade. Segundo os especialistas da OMS, não se pode dizer que o remédio não tenha resultados benéficos, mas o fato de essa eficácia não ter sido comprovada clinicamente, somado a seus possíveis efeitos colaterais e custo, levou a organização a não recomendar o seu uso.

No momento, os corticoides, entre eles a dexametasona, são o único tratamento que permitiu reduzir a mortalidade da doença, embora em nem todas as categorias de pacientes.

No momento, os corticoides, entre eles a dexametasona, são o único tratamento que permitiu reduzir a mortalidade da doença, embora em nem todas as categorias de pacientes. Com informações da AFP.