Turismo pós-pandemia: países do G7 discutem passaporte sanitário

Por Arlaine Castro

Voos entre Brasil e EUA podem ser restringidos.

O passaporte sanitário ou "de vacina", como está sendo chamado, pode se tornar uma realidade em breve para garantir o turismo no mundo pós-pandemia.

Ainda há preocupações de que as pessoas vacinadas possam representar um risco à saúde, diz a Agência de Saúde Pública do Canadá. Mesmo assim, para tentar retomar o turismo internacional e eventos artísticos com presença de multidão, por exemplo, os países analisam o documento que garante a imunização da pessoa.

A ministra da saúde do Canadá, Patty Hajdu, se reuniu com os ministros da saúde dos outros países do G7 - EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão - na segunda-feira, 29, para discutir a possibilidade de introdução de passaportes para vacinas.

“Os parceiros do G7 concordaram que deve haver alguma consistência e alguma colaboração entre os países, então temos algum tipo de sistema que seria reconhecível, não importa para onde a pessoa esteja viajando”, disse Hajdu, de acordo com a iPolitics.

O governo canadense está ciente de que outras autoridades internacionais estão explorando a concessão de certos privilégios aos indivíduos vacinados. No entanto, o Canadá só consideraria isso se fosse baseado em evidências científicas confiáveis, disse a Agência de Saúde Pública do Canadá (PHAC) ao CIC News por e-mail.

Europa

No início deste mês, a União Europeia (UE) propôs a criação de um “Certificado Verde Digital” para tornar mais fácil para os cidadãos europeus se movimentarem livremente dentro da união durante a pandemia COVID-19.

Este certificado provaria que o portador foi vacinado contra o vírus, recebeu um resultado de teste negativo ou se recuperou do vírus. Estaria disponível sem custo e seria válido em todos os estados membros da UE. A UE também trabalhará com a Organização Mundial da Saúde para garantir que o certificado possa ser aceito fora da Europa.

Israel 

Israel já introduziu um sistema de passaporte de vacina. Mais da metade da população israelense recebeu as duas doses necessárias da vacina. Quem está vacinado ou se recuperou do vírus pode usar o “Passe Verde” para acessar academias e hotéis. Eles também podem viajar para a Grécia e Chipre.

EUA

Nos EUA, a administração Biden também está trabalhando em passaportes de vacinas para permitir que os americanos provem que foram vacinados. Conforme noticiou o Gazeta News, o governador da Flórida declarou não ser a favor do documento, enquanto o de Nova York já lançou aplicativo para liberar a circulação de pessoas vacinadas.

China

O governo da China monitora o deslocamento de pessoas com uma espécie de passaporte regional.

O foco do documento vai ser informar se a pessoa foi vacinada e com qual imunizante, mas pode reunir também todo o histórico de saúde. “Pode falar se você já teve ou não covid-19, se fez testes e quando foram feitos, quais os resultados, o tipo [PCR ou de anticorpos] e em qual instituição, se você já tomou a vacina”, explicou o especialista e professor de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Fernando Aith, ao portal R7.

Antes da pandemia

A ideia não é nova e foi adotada para outra doença muito antes da pandemia, a febre amarela. Viajantes de algumas partes do mundo precisam se vacinar antes de chegar ao local de destino, ou quando fazem escala em algum país que exige a vacina, e precisam apresentar um comprovante internacional de vacinação para as autoridades sanitárias locais.

No entanto, sistematizar o uso dos passaportes sanitários e torná-los "mais obrigatórios" coloca alguns problemas éticos e científicos, como tornar a vacinação obrigatória para se realizar certos deslocamentos daria lugar a desigualdades entre cidadãos, já que o acesso a vacinas anticovid ainda é muito limitado na maioria dos países. 

Além disso, a vacinação não ocorre da mesma forma em todos os países e o documento pode incentivar ainda mais essa desigualdade. 

Por enquanto, o passaporte da vacina é uma ideia e a apresentação de testes negativos para a doença segue valendo como documento para a entrada do turista na maioria dos países. Com informações do R7 e Associated Press.