Espanha concede residência a 2 imigrantes que tentaram salvar brasileiro

Por Arlaine Castro

Samuel Luiz Muñiz, de 24 anos, nasceu no Brasil, mas foi para a Espanha quando tinha 1 ano de idade.

O governo da Espanha concedeu uma autorização especial de residência a Ibrahima e Makate, dois cidadãos senegaleses que tentaram salvar o jovem brasileiro Samuel Luiz Muñiz, morto por espancamento no dia 1° de julho.

O crime, com motivações supostamente homofóbicas, gerou uma onda de protestos em todo o país contra a violência que atinge a população LGBTQIA+.

A informação de que a Polícia Nacional entraria com um pedido para regularizar a situação dos dois foi antecipada na semana passada pelo "El País", mas na segunda-feira, 20, é que foi confirmada.

O jornal espanhol "El Mundo" informou, citando fontes ministeriais, que foi aplicada a lei de imigrações do país que prevê – em casos excepcionais – a autorização temporária de residência.

Eles são considerados essenciais para as investigações e se apresentaram como testemunhas do assassinato mesmo sabendo que poderiam ser deportados.

José Miñones, representante do governo da Galícia, disse na semana passada que Ibrahima e Makate "tiveram papel ativo" para tentar frear as agressões contra Samuel.

Não há informações sobre qual será a situação dos dois após o fim das investigações, mas segundo a lei espanhola, a residência temporária poderá ser renovada ou até se tornar permanente.

A Polícia Nacional da Espanha prendeu três jovens entre 20 e 25 anos suspeitos de participação no assassinato do jovem. 

O crime

Samuel Luiz Muñiz era um auxiliar de enfermagem de 24 anos nascido no Brasil e que chegou à Espanha com um ano de idade.

O jovem estaria em boate em La Coruña, no noroeste do país, quando saiu e foi espancado.

Segundo uma amiga que acompanhava Samuel no dia de sua morte, o jovem foi atacado inicialmente por um rapaz que estava com uma mulher e que deu um soco no brasileiro por pensar que estava sendo filmado.

Pouco depois, o mesmo homem voltou com um grupo de mais de dez pessoas, que o espancou até a morte.

Os agressores fugiram antes de a equipe de socorristas chegar ao local. Os serviços de resgate não conseguiram reanimá-lo e e ele morreu.

Manifestações

Após o ataque, houve uma onda de manifestações pelo país pedindo justiça e respeito para a comunidade LGBTQIA+. Reações de diferentes grupos políticos e ideológicos expandiram pelo país. A polícia já ouviu diversas testemunhas do caso e o delegado José Miñones afirma que a homofobia como motivação do crime é uma das hipóteses consideradas na investigação. Com informações do G1.