Uma brasileira moradora da Flórida está sendo acusada de dar golpes em vendas de equipamentos voltados a crianças com deficiência negociados por famílias no Brasil. A denúncia foi divulgada pelo programa Fantástico no domingo, 23.
De acordo com o programa, a responsável pelo golpe seria Cinthya Mancini, que vive em Parkland, no sul da Flórida, segundo conhecidos que pediram para não serem identificados, e que realmente faz envio de produtos dos EUA para o Brasil por uma empresa registrada. "São 10 anos de trabalho", disse em entrevista ao Gazeta News nesta terça-feira, 25.
Ao GN, Cinthya disse que enviou os produtos, mas que estes ficaram retidos na Receita Federal por falta de pagamento dos clientes para retirá-los. E sobre a acusação da Sra. Rosa Maria (passado no programa), seus advogados já estão cuidando do caso. "O caso não pode ficar impune. As medidas que serão tomadas cabem aos meus advogados", afirmou.
"É uma inverdade. Pois em matéria a Rede globo gravou uma entrevista com o investigador Wanderson o qual afirma que o produto não foi enviado. Como mostra na área minhas importações o rastreio do produto. Ele se encontra na Receita Federal", esclarece. "O investigador mentiu, está aí o comprovante, e meus advogados estão levantando as outras injúrias até quinta-feira terei todas na mão. Estamos tentando mais provas que o produto está na Receita", completou.
As acusações
Segundo o programa, famílias do Paraná e do Acre denunciaram às autoridades as supostas fraude na venda de carrinhos e balanços especiais para o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças.
Elas alegam que pagaram entre R$ 1,8 e R$ 3 mil, mas os produtos não chegaram ou foram enviados com peças importantes faltando. Mancini teria dado código de rastreio que não existe aos compradores, segundo o programa. Questionada sobre isso, ela disse ao GN que o código é o mesmo nos EUA e no Brasil e que não foi checado direito pela pessoa que a acusa.
A APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Arapoti (PR), por exemplo, encomendou para uma menina de 5 anos uma espécie de balanço, com elásticos especiais que vestem a criança para ajudá-la a andar e pagou R$ 1,8 mil à empresa de Cinthya. O que chegou, no entanto, foi apenas a parte externa, um cano retorcido de metal.
A Associação levou o caso à Justiça paranaense e ganhou, mas o processo foi julgado à revelia, porque Cinthya não se manifestou e nem pagou o valor determinado.
Uma outra família de Rio Branco, no Acre, denunciou a fraude à Polícia Federal. Rosa, mãe de Mariah, de 5 anos, comprou um carrinho especial para dar mais conforto à filha, que tem uma síndrome rara, durante as viagens aos hospitais em que ela costuma se tratar, mas o produto de R$ 3 mil nunca chegou. Para Rosa, Cynthia teria se apresentado como Bruna.
"Disse a ela que eu tinha muito medo de fazer essa compra, que era minha primeira vez comprando pela internet, que ela um valor alto, que não foi fácil de juntar. E ela me disse pra ficar tranquila, que era uma compra segura e que o carrinho chegaria à minha casa dentro de 7 dias", contou a mãe. Passado o prazo, a acusada deixou de responder.
Sobre ter se identificado como Bruna ao negociar com Sra. Rosa Maria, segundo mencionou o programa, Cinthya disse ao GN que isso foi porque existe um atendimento on-line e um chat virtual.
De acordo com a reportagem do Fantástico, pelo menos outras 40 reclamações do tipo foram encontradas na internet. Cinthya diz que as reclamações não são de não entrega do produto, mas em geral, e que todos foram entregues.
Em posts sobre o assunto em sua rede social, Cinthya colocou imagens do site de rastreamento dos Correios e da Receita Federal que confirmam que os produtos estão retidos e explicou:
"Venho atrave?s desse comunicar aos interessados de Planta?o Cliente Rosa Maria investigador Wanderson Castilho que fomos informados atrave?s da a?rea minhas importac?o?es dos Correios brasileiros que o produto se encontra em processo de devoluc?a?o por falta de pagamento de imposto. Saliento que essa a?rea e? aberta publicamente qualquer um pode acessar", escreveu.
A Polícia Federal não vai comentar porque a investigação está em andamento, segundo o programa.