Por Henrique Matthiesen
O sintoma mais inerente da crise política que o Brasil vive é a perda irrefragável da esperança da classe política e das instituições.
Slogan, usado exaustivamente nas campanhas lideradas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, onde dizia que “a esperança vencerá o medo”, foi durante muito tempo uma espécie de mantra que empolgava parte da sociedade Brasileira.
Obviamente que os projetos de inclusão social e o crescimento econômico se sobrepunham às denúncias de corrupção que atingiam o governo do PT, afinal uma parcela enorme dos despossuídos e marginalizados secularmente começaram a alçar cidadania.
Com a eleição de Dilma Rousseff novamente o mantra da esperança desabrochava como primavera na sociedade brasileira. O alto índice de empregabilidade, o incremento em projetos sociais, como a expansão do Minha Casa Minha Vida, entre outros, a criação do Mais Médicos, levaram a presidente à reeleição numa disputa duríssima contra a direita mais agressiva.
Mal as urnas foram abertas, o inconformismo dos derrotados, transcendeu o espírito da velha UDN. A inviabilidade de chegar ao poder por vias democráticas, cedeu o perigoso sentimento de golpe.
A contaminação irresponsável de uma séria crise econômica, associada à uma crise política que tinha e que tem seu desígnio principal a chegada ao poder por vias não republicanas, encontrou terreno fértil na inabilidade e soberba do governo que se promiscuiu no exercício do poder.
Refém desta junção explosiva, abastecida pelo monopólio midiático - maior partido do Brasil- a sociedade brasileira se viu órfão de lideranças e consequentemente a esperança deu lugar à frustração e à desesperança.
Qualquer pesquisa cordata, é crível a percepção desta descrença, e hoje as instituições sofrem uma enorme crise de representatividade.
Partidos políticos, sindicatos, entidades sociais, Congresso Nacional, Judiciário, Poder Executivo são instituições que não mais possuem credibilidade frente à sociedade Brasileira.
Este momento germina cada vez mais sentimentos primitivos de intolerância em nossa sociedade. A campanha do ódio transcendeu a luta de classes, onde a coexistência harmoniosa tem se tornado irracional.
Esse é um dos legados mais letais da crise política brasileira onde não há vencedor e as polaridades são igualmente responsáveis.
Cabe a reflexão e a serenidade para buscarmos a normalidade institucional onde a necessidade de reformas profundas em nosso sistema se faz urgente e inadiável.
Vivemos uma crise de mais do mesmo, onde as virtudes e o espírito republicano são relegados à disputa canalha do poder pelo poder.
Onde a primeira vítima é a sociedade e a esperança.